O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a Polícia Federal (PF) cumpra mandados de busca e apreensão em endereços de oito empresários que teriam defendido, em trocas de mensagens por aplicativo, um golpe de Estado no Brasil caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vença Jair Bolsonaro (PL) nas eleições presidenciais.
As ordens judiciais são cumpridas nesta terça-feira (23) no Rio Grande do Sul e em outros quatro Estados — São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Ceará. GZH apurou que há mandados sendo cumpridos em Gramado, na serra gaúcha, em endereços ligados a André Tissot.
Além das buscas, o ministro também determinou bloqueio das contas bancárias dos empresários, bloqueio das contas e nas redes sociais, tomada de depoimentos e quebra de sigilo bancário.
Os alvos da operação são:
- Afrânio Barreira Filho, do grupo Coco Bambu
- Ivan Wrobel, da W3 Engenharia
- José Isaac Peres, do grupo Multiplan
- José Koury, dono do shopping Barra World
- Luciano Hang, das lojas Havan
- André Tissot, da Sierra Móveis
- Marco Aurélio Raymundo, da Mormaii
- Meyer Joseph Nigri, da Tecnisa
O caso foi revelado pelo portal Metrópoles. Segundo o colunista Guilherme Amado, o empresário José Koury, por exemplo, teria dito preferir "um milhão de vezes" um golpe do que a volta do PT ao poder, alegando que isso não afastaria investimentos do Brasil.
"Prefiro golpe do que a volta do PT. Um milhão de vezes. E com certeza ninguém vai deixar de fazer negócios com o Brasil. Como fazem com várias ditaduras pelo mundo", diz a mensagem de Koury, conforme o Metrópoles.
Nas mensagens, os empresários não articulam um golpe, mas defendam que ele aconteça.
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Contrapontos
O que diz Luciano Hang
"Sigo tranquilo, pois estou ao lado da verdade e com a consciência limpa. Desde que me tornei ativista político prego a democracia e a liberdade de pensamento e expressão, para que tenhamos um país mais justo e livre para todos os brasileiro (...) Em minhas mensagens em um grupo fechado de WhatsApp está claro que eu NUNCA, em momento algum falei sobre Golpe ou sobre STF. Eu fui vítima da irresponsabilidade de um jornalismo raso, leviano e militante, que infelizmente está em parte das redações pelo Brasil."
O que diz André Tissot
Procurado por GZH, afirmou que não irá se manifestar.
O que diz Afrânio Barreira
Barreira, proprietário da rede de restaurantes Coco Bambu, em nota, disse estar tranquilo, pois a sua manifestação sobre o assunto foi um “emoji” sinalizando a leitura da mensagem, sem estar endossando ou concordando com seu teor.
"Confio na justiça e vamos provar que sempre fui totalmente favorável à democracia. Nunca defendi, verbalizei, pensei ou escrevi a favor de qualquer movimento anti-democrático ou de golpe", pontuou.
O que diz Ivan Wrobel
O advogado de Wrobel, Miguel Vidigal, alegou que a matéria utilizou frases fora do contexto e que seu cliente tem um histórico de vida ligado à liberdade.
— Em 1968 foi convidado a se retirar do IME (Instituto Militar de Engenharia) por ser contrário ao AI5. Nada na vida dele pode fazer crer que o posicionamento daquele momento tenha mudado. Colaboraremos com o que for preciso para demonstrar que as acusações contra ele não condizem com a realidade dos fatos — declarou.
O que diz Marco Aurélio Raymundo
Segundo a advogada Luana Aguiar, responsável pela defesa do proprietário da Mormaii, Marco Aurélio Raymundo foi contatado hoje pela Polícia Federal e ainda desconhece o inteiro teor do inquérito, mas está à disposição de todas as autoridades para esclarecimentos.
O que diz José Koury
"Entendo que o Ministro Alexandre de Moraes tomou a decisão que lhe pareceu correta, após receber denúncias e tomar conhecimento das matérias publicadas na imprensa. Os prints exibidos pela mídia foram usados completamente fora do contexto em que foram postados. O referido grupo de Whastapp tem mais de 200 participantes, de diversas ideologias políticas, num amplo espaço de debate, plural e democrático. As pessoas que estão no grupo comentam vários assuntos, emitem opiniões, divergem e discutem sem a menor preocupação de serem mal interpretadas. Possivelmente, se você faz parte de algum grupo, sabe disso.Pensar em organizar uma “conspiração” dentro de um grupo de WhatsApp com cerca de 200 pessoas com tendências políticas de esquerda, direita e até mesmo de centro, onde a maioria nem se conhece, me parece uma teoria muito fantasiosa. Eu, por exemplo, só conheço pessoalmente duas ou três pessoas do grupo. Tenho 64 anos, trabalho pelo menos 12 horas por dia, desde os 16 anos de idade, e sempre fui defensor da democracia e da livre liberdade de expressão e de pensamento. No grupo estão reunidos empresários e executivos que geram milhares de empregos, homens de bem, que têm família, pagam impostos e batalham muito para tornar o Brasil cada dia melhor. Aquele que for eleito, seja de que partido for, terá nosso apoio integral."
Os demais citados ainda não se manifestaram sobre o cumprimento dos mandados.