A Polícia Federal (PF) realiza buscas em Gramado, na serra gaúcha, em propriedades do empresário Luiz André Tissot, do grupo Sierra Móveis, dedicado à venda de mobiliário de luxo. Os mandados, determinados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), são realizadas em um condomínio no bairro Belvedere.
Tissot é um dos integrantes do grupo de WhatsApp denominado "Empresários e Política", que teria defendido fechamento de regime, adiamento de eleições e até um golpe de Estado em caso de vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no pleito de outubro. O caso foi revelado pelo site Metrópoles.
Uma das discussões ocorreu no dia 31 de julho, conforme o Metrópoles, quando alguns empresários teriam defendido uma nova ditadura. Um deles, José Koury, dono do Barra World Shopping, escreveu:
"Prefiro golpe do que a volta do PT. Um milhão de vezes. E com certeza ninguém vai deixar de fazer negócios com o Brasil. Como fazem com várias ditaduras pelo mundo".
A discussão teve respostas de outros empresários, entre eles de Tissot, que teria defendido que um golpe já deveria inclusive ter ocorrido. "O golpe teria que ter acontecido nos primeiros dias de governo. Em 2019 teríamos ganhado outros 10 anos a mais", publicou, segundo a reportagem do Metrópoles.
Os mandados determinados por Moraes são cumpridos em cinco Estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Ceará. São alvos da operação:
- Afrânio Barreira Filho
- Ivan Wrobel
- José Isaac Peres
- José Koury
- Luciano Hang
- Luiz André Tissot
- Marco Aurélio Raymundo
- Meyer Joseph Nigri
Além das buscas, o ministro também determinou bloqueio das contas bancárias dos empresários, bloqueio das contas dos empresários nas redes sociais, tomada de depoimentos e quebra de sigilo bancário.
Contraponto
GZH entrou em contato com a assessoria da Sierra Imóveis, que informou que não irá se manifestar sobre o caso.
Denúncia em 2018
Em 2018, o grupo Sierra Móveis foi denunciado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) por tentativa de coação eleitoral após enviar uma carta aos funcionárias manifestando preocupação com o rumo da eleição presidencial daquele ano e elencando motivos para votar em Jair Bolsonaro.
O MPT considerou que o teor da carta indicaria que um voto contrário à posição apresentada por Tissot implicaria em prejuízos para o país, à empresa e ao próprio empregado.
Em decisão liminar do 5 de outubro de 2018, a Justiça acatou a denúncia do MPT e determinou que o grupo Sierra Móveis tinha 24 horas para divulgar um novo comunicado por escrito aos funcionários informando que eles tinham o direito de escolher livremente os seus candidatos e informando sobre a ilegalidade "de se realizar campanha pró ou contra determinado candidato, coagindo, intimidando, admoestando ou influenciando o voto de seus empregados, com abuso de poder diretivo".