Depois de integrantes do Ministério Público (MP), da magistratura e da Polícia Federal (PF), profissionais da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) engrossaram o coro em defesa das urnas eletrônicas e contra declarações do presidente Jair Bolsonaro contra o sistema eleitoral.
A União dos Profissionais de Inteligência de Estado, Intelis, frisou que não há qualquer registro de fraude desde a implantação do sistema eletrônico de votação, há 26 anos. Além disso, reforçou o compromisso com o "Estado Democrático de Direito, a Constituição e o respeito irrestrito e inegociável aos direitos e garantias dos cidadãos".
Em nota, o grupo frisou que os profissionais de Inteligência de Estado têm prestado apoio técnico especializado à Justiça Eleitoral no fornecimento e implementação de sistemas e dispositivos criptográficos, "que contribuem para a autenticidade, confidencialidade e inviolabilidade dos programas e dados das urnas utilizadas no País".
"A criptografia de Estado e os sistemas de assinatura digital desenvolvidos e aperfeiçoados por nossos servidores fazem parte do ecossistema complexo de barreiras que tem resistido com sucesso às diversas tentativas de ataques executadas durante testes públicos de segurança da plataforma, como reconhece publicamente o Tribunal Superior Eleitoral", frisa a Intelis.
As reações se dão após a mais recente ofensiva do presidente contra o sistema eleitoral, durante reunião com embaixadores nesta segunda-feira (18). Logo após o encontro, no qual Bolsonaro voltou a falar, sem provas, em supostas fraudes nas eleições, o Tribunal Superior Eleitoral rebateu 20 alegações feitas pelo chefe do Executivo. Associações de delegados e peritos da Polícia Federal também contrariaram as bravatas do presidente, saindo em defesa das urnas.
Houve reação de diferentes áreas do Ministério Público. Procuradores dos Direitos do Cidadão em todo o país apresentaram uma notícia de ilícito eleitoral contra o presidente. Eles pressionaram o procurador-geral eleitoral Augusto Aras a investigar o chefe do Executivo pelo "ataque explícito ao sistema eleitoral, com inverdades contra a estrutura do Poder Judiciário Eleitoral e a democracia", dando ênfase à "missão constitucional de proteção da democracia atribuída ao Ministério Público brasileiro".
Além disso, um grupo de mais de 30 subprocuradores-gerais da República também se pronunciaram sobre a investida do presidente, ressaltando que Bolsonaro não tem o direito de "desacreditar ou de atacar impunemente as instituições" e lembraram que é crime de responsabilidade "utilizar o poder federal para impedir a livre execução da lei eleitoral".