Na campanha eleitoral mais atípica dos últimos anos, os bastidores do último debate entre os candidatos à prefeitura de Porto Alegre antes da decisão do segundo turno foram recheados de fatos inusitados. Promovida pela RBS TV, a troca de ideias iniciou às 22h39min desta sexta-feira (27), seguindo rígido protocolo sanitário.
A primeira distinção em relação a eventos realizados em eleições passadas, quando não havia sinais de coronavírus, foi visível logo na chegada. Manuela D'Ávila (PCdoB) e Sebastião Melo (MDB) foram autorizados a acessar a RBS com um carro cada um e levando apenas um assessor consigo — outrora, era comum a presença de apoiadores e dos postulantes ao cargo de vice-prefeito, sem contar a aglomeração de militantes com bandeiras em frente ao prédio da TV, coisa que não se repetiu.
Antes de ingressar no prédio, ambos tiveram a temperatura aferida. Melo marcou 36°C. Manuela, 36,5°C.
Em razão da pandemia, Manuela e Melo ficaram em salas separadas até o início do programa. Nos locais, havia água, café e álcool gel. Em anos anteriores, as campanhas ficavam em um único ambiente, onde havia telão e eram servidos petiscos. Dessa vez, eles receberam a recomendação de usar máscara e de manter distanciamento mínimo.
Melo chegou primeiro, às 21h23min. A adversária veio pouco depois, às 21h33min. Ao ser conduzida até sua sala, Manuela passou próximo ao oponente e, de uma distância de cerca de 10 metros, disse:
— Oi, Melo!
Sentado em um sofá de couro preto, o candidato limitou-se a responder com um "opa!", sem se levantar. Manuela seguiu em frente. O clima entre os dois traduziu o acirramento de ânimos na reta final da campanha.
A GZH, Melo mostrou dossiês que levou ao debate para usar contra Manuela.
— Caso ela me ataque — afirmou.
Já por volta das 22h30min, no estúdio, os concorrentes estão separados por chapas de acrílico. Além disso, lá dentro, o acesso de pessoas foi limitado. Tudo para garantir segurança ao evento.
