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Só se surpreendeu com o mapa preliminar do Rio Grande do Sul coberto pela bandeira vermelha quem não acompanhou a evolução dos casos e internações nos últimos dias. A classificação significa que 100% da população do gaúcha está sob risco alto de contaminação pelo coronavírus. O que o governador Eduardo Leite chamou de "segunda onda" toma ares de tsunami, pela velocidade de crescimento da ocupação de leitos.
É impossível dissociar a explosão de casos das aglomerações promovidas na campanha eleitoral e nas comemorações dos eleitos, que está completando 15 dias. O número de políticos infectados dá ideia do quanto a campanha contribuiu para os dados alarmantes dos últimos dias.
São pelo menos quatro deputados estaduais do MDB, dois deles candidatos a prefeito e os outros com parentes na disputa, o deputado federal Osmar Terra, internado na UTI do Hospital São Lucas. O prefeito de Torres, que fez comemoração (e gravou em vídeo) sem máscara, está na UTI da Santa Casa, de onde veio transferido de Criciúma, com pneumonia.
Para piorar a situação, os negacionistas da gravidade da pandemia, inspirados no presidente Jair Bolsonaro, usaram a campanha para apregoar que estava tudo dominado e sustentar - sem base científica - que bastava fazer o tratamento precoce com hidroxicloroquina, ivermectina (vermífugo) e azitromicina para evitar a internação. Era balela.
À campanha política, somou-se o desleixo generalizado com medidas preventivas: bares lotados, pessoas sem máscara dividindo o copo, praias cheias, festas e aglomerações de toda ordem.
Estamos vivendo o pior momento da pandemia no Estado, com um dado particularmente alarmante: o indicador que que mede a capacidade de atendimento do estado como um todo está em bandeira preta (altíssimo risco). Esse é o cenário em cinco das regiões mais populosas do Rio Grande do Sul: Metropolitana, Serra, Missioneira, Centro-Oeste e Norte. A relação entre leitos livres e ocupados, que era de 2,00 em outubro, caiu para 0,67.
A velocidade de crescimento do número de casos e da ocupação de leitos clínicos e de UTI já havia feito disparar o alarme no Palácio Piratini no início da semana, quando o governador Eduardo Leite fez um alerta para que fossem evitadas aglomerações. Na manhã de sexta-feira, quando foram consolidados os números do dia anterior, o número de internados em leitos clínicos, que já estava no máximo da série histórica, deu um novo salto, passando de 1.147 para 1.183.
Nos leitos de UTI, cuja ocupação também está no máximo da série histórica, bateu em 775 confirmados, 16 a mais que no fechamento do dia anterior.
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