Tema recorrente em eleições há várias décadas, a mobilidade urbana continua pautando as prioridades em Porto Alegre. Mas, desta vez, o desafio parece mais urgente do que em outras trocas de gestão: a crise sem precedentes no sistema público de transporte, que vem perdendo passageiros ano após ano, exige medidas capazes de garantir não apenas a eficiência, mas a sobrevivência do sistema.
Conforme reportagem especial publicada por GZH em março, quando o coronavírus não havia agravado ainda mais o cenário, os ônibus haviam perdido 31% de seus usuários nos 10 anos anteriores. As dificuldades atingem ainda outros modais sob responsabilidade de outras esferas de governo, como o trensurb (sob gestão federal), que em cinco anos viu um em cada cinco passageiros deixar de usar o trem - o que sugere a necessidade de buscar saídas articuladas com outros graus de administração pública.
Já há iniciativas em andamentos para recuperar o sistema em nível municipal, como a implantação de GPS nos ônibus, mas líderes de entidades locais consideram que poderá ser necessário um "redesenho" mais amplo e radical do modelo de transporte.
- Em que pese o avanço dos aplicativos, o transporte de massa, coletivo, está de longe de ser desprezível. Qualificar o transporte público é fundamental. Além de priorizar esse tipo de transporte nas vias com faixas exclusivas, por exemplo, é preciso redesenhar todo o sistema, talvez pensar em ônibus menores para certas distâncias, rotas entre bairros, um redesenho total - avalia o presidente do IAB-RS, Rafael Passos.
Além do trânsito, outras áreas de infraestrutura preocupam as pessoas consultadas por GZH, como conservação de praças, fornecimento ininterrupto de água e de luz.