O número expressivo de mulheres que conseguiram uma vaga na Câmara Municipal, o maior desde que a primeira vereadora foi eleita, em 1947, não foi apenas um marco local. Com o resultado do domingo (15), Porto Alegre atingiu o maior percentual de candidaturas femininas bem-sucedidas entre as capitais: 30,55% do total de eleitos.
A partir do ano que vem, 11 das 36 vagas do legislativo municipal serão ocupadas por mulheres, quatro delas autodeclaradas negras. Antes disso, o período com maior representatividade feminina na Câmara foi entre 2005 e 2008, com sete vereadoras: Clênia Maranhão, Manuela D'Ávila, Margarete Moraes, Maria Celeste, Maristela Maffei, Maristela Meneghetti e Sofia Cavedon. Na atual legislatura, há cinco vereadoras.
Além do aumento no número de vagas, algumas das novas parlamentares se destacaram pela expressividade de votos que conseguiram angariar. É o caso de Karen Santos (PSOL), parlamentar mais votada dentre todos os 36, e Comandante Nádia (DEM), que fez a quarta maior votação.
— As mulheres estão se colocando mais na linha de frente por necessidade, porque a violência de doméstica segue aumentando, o feminicídio segue aumentando. Isso nos empurra a ocupar espaços que historicamente foram negados para nós — disse Karen em entrevista à Rádio Gaúcha na segunda-feira (16).
Depois de Porto Alegre, as capitais com maior número proporcional de mulheres eleitas foram Belo Horizonte (26,83% das vagas) e Natal (24,14%). São Paulo ficou em quarto lugar, com 23,63%, com 13 eleitas entre as 55 vagas.
Esta foi a terceira eleição municipal sob a legislação que estabelece que os partidos e coligações precisam preencher, no mínimo, 30% e no máximo 70% para candidatos de cada gênero.
Apesar do aumento na representatividade, a proporção de vereadoras nas câmaras municipais ficou bem abaixo daquela verificada na população brasileira. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE, de 2019, 51,8% dos brasileiros são mulheres.