As manifestações públicas são mínimas e cautelosas, mas, nos bastidores da candidatura de Sebastião Melo (MDB) à prefeitura de Porto Alegre, o clima é de expectativa sobre o futuro da chapa de José Fortunati (PTB) e sua possível renúncia.
A hipótese de o PTB apoiar Melo e conduzir Fortunati à retirada é considerada desde segunda-feira (9), quando o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) indeferiu a candidatura do vice da chapa do petebista, André Cecchini (Patriota). Não há mais prazo legal para a substituição e os votos podem ser anulados.
Nesta terça-feira (10), Fortunati anunciou que buscará os recursos jurídicos para manter a candidatura. Apesar disso, conversas estão acontecendo nos bastidores entre as direções do MDB e do PTB. Um experiente político do MDB, sob condição de anonimato, indicou que a sigla espera por uma decisão célere, já que a eleição ocorre no próximo domingo (15).
— Se resolver, tem de ser o quanto antes, porque isso tem de chegar na ponta e leva tempo — comentou o emedebista, projetando a articulação necessária para comunicar ao eleitor médio que o PTB de Fortunati passaria eventualmente a apoiar Melo.
O candidato do MDB à prefeitura é enfático ao negar interferência. Ele confirma ter conversado por telefone com Fortunati na segunda, mas ressalta ter sido apenas um gesto de “solidariedade”.
— Não me cabe manifestação, seria uma grosseria emitir juízo. É uma decisão da coligação e não deleguei ninguém para conversar sobre isso — afirma Melo.
Em disputa acirrada com o prefeito Nelson Marchezan (PSDB) e com o ex-prefeito Fortunati por uma vaga no segundo turno, o MDB avalia que a adesão do PTB, sigla forte em periferias de Porto Alegre, seria o impulso para se consolidar à frente dos concorrentes.
O caminho para Melo conseguir a simpatia de Fortunati, contudo, não será simples. Em entrevista à GZH, Regina Becker (PTB), esposa do ex-prefeito, revelou “tristeza” e atribuiu ao MDB a ação judicial que impugnou o vice da chapa.
Em paralelo, Melo manteve as agendas nesta terça-feira, incluindo três reuniões virtuais com entidades empresariais. À tarde, fez uma pausa para ir ao podólogo e remover uma unha encravada que atrapalhava suas caminhadas.
Em bate-papo com a diretoria do Sindilojas, valorizou sua trajetória, desde o interior de Goiás até a chegada em Porto Alegre, sozinho e sem recursos:
— Quero ser prefeito para retribuir em dobro tudo o que Porto Alegre me deu de oportunidades.