Durante todo o segundo turno, Eduardo Leite (PSDB) jamais permitiu que auxiliares e aliados discutissem previamente eventuais nomes para uma futura equipe de governo. Embora liderasse as pesquisas, não queria que especulações fora de hora prejudicassem o foco na campanha e soassem como soberba antes do veredito das urnas neste domingo.
Uma presença certa, porém, seria a do ex-secretário da Fazenda Aod Cunha. Radicado em São Paulo e com uma filha recém-nascida, o responsável pelo equilíbrio nas contas públicas no início do governo Yeda Crusius (2007-2010) já avisou não quer voltar ao comando do caixa do Estado. Prefere ajudar de longe, atuando como oráculo da administração. São dele os dois nomes considerados ideais para a Fazenda no governo Leite: o atual titular da pasta na prefeitura de Porto Alegre, Leonardo Busatto — que já indicara a Nelson Marchezan —, ou a secretária-executiva do Ministério da Fazenda, Ana Paula Vescovi.
O governador eleito já se reuniu com Busatto, mas em nenhum momento formalizou convite ou mesmo ensaiou sondagem. A conversa se resumiu a troca de ideias e alternativas à situação financeira do Estado. Tido como um prodígio da gestão financeira, o secretário esteve à frente do Tesouro estadual nos dois primeiros anos do governo Sartori.
Já Ana Paula seria um nome dos sonhos de Aod a Leite. Considerada uma das técnicas mais competentes da equipe econômica de Michel Temer, a especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental conhece a fundo o Regime de Recuperação Fiscal e é uma negociadora implacável, predicado fundamental para quem precisa vencer um déficit bilionário. O grande obstáculo seria convencê-la a trocar Brasília por Porto Alegre, sobretudo após o status alcançado nos últimos anos.
Para as demais secretarias, Leite estabeleceu um critério: quer pessoas de reconhecida capacidade técnica em áreas consideradas prioritárias, como segurança e educação, e uma composição política que lhe permita avançar em temas cruciais para o modelo de desenvolvimento que advoga, com privatizações e concessões de serviços à iniciativa privada. Veja a seguir alguns nomes possíveis para o secretariado do governador eleito.
A provável equipe
Leonardo Busatto
Secretário da Fazenda de Porto Alegre, foi indicado por Aod Cunha para assumir a mesma pasta no governo do Estado e conta com a simpatia do governador eleito.
Lucas Redecker (PSDB)
Eleito deputado federal, foi um dos mais próximos a Leite durante a campanha ao Piratini. Pretende cumprir o mandato em Brasília, mas é seguidamente citado como nome forte à Casa Civil.
Tânia Moreira (sem partido)
Jornalista com larga experiência em campanhas eleitorais, foi secretária de Comunicação de Nelson Marchezan na prefeitura de Porto Alegre. É cotada para a Secretaria de Comunicação.
Paulo de Tarso Pinheiro Machado (PSDB)
Ex-presidente da CEEE no governo Sartori, acaba de anunciar demissão da Secretaria de Planejamento e Gestão de Porto Alegre. Pode voltar à CEEE ou assumir outra pasta técnica no Piratini.
Carlos Siegle (PTB)
Secretário adjunto de Relações Institucionais em Porto Alegre, é ligado ao deputado federal eleito Maurício Dziedricki (PTB). Citado como alternativa a uma pasta ligada à assistência social.
Guilherme Pasin (PP)
Prefeito de Bento Gonçalves, foi um dos quadros do PP mais ativos na campanha de Leite. Está em segundo mandato e, caso renuncie para assumir uma secretaria, passa a gestão ao PSDB do vice Aido José Bertuol.
Valdir Bonatto (PSDB)
Ex-prefeito de Viamão e presidente interino do PSDB no Estado, foi responsável pela coordenação da campanha. É cotado para um cargo no gabinete do governador.
Any Ortiz (PPS)
Deputada estadual mais votada, é pré-candidata à prefeitura de Porto Alegre em 2020. Numa secretaria estadual, teria mais visibilidade do que na Assembleia e ainda abriria vaga para um suplente do PSDB, Faisal Karam.
Kevin Krieger (PP)
Ex-vereador e secretário de Relações Institucionais de Porto Alegre, está sem mandato e é um articulador político nato. Foi um dos principais estrategistas da campanha dentro do PP.
Ronaldo Santini (PTB)
Deputado estadual em segundo mandato, concorreu sem sucesso à Câmara dos Deputados. Citado como prioridade do PTB para um cargo de relevo no governo do Estado.