A equipe do economista Paulo Guedes, anunciado ministro de eventual governo de Jair Bolsonaro (PSL), já trabalha para moldar o que seria o plano econômico e produzir uma ampla reforma fiscal. As informações são do jornal Folha de S.Paulo, que ouviu fontes sob condição de anonimato.
Segundo a publicação, o teto dos gastos será mantido, sob pilares que buscam cortar despesas. No caso da reforma da Previdência, o programa vai incluir a adoção do sistema de capitalização — em que cada pessoa faz sua própria poupança para bancar a aposentadoria no futuro. Os demais detalhes estão em discussão. O trabalho dos irmãos Abraham e Arthur Weintraub é bem cotado, mas Guedes sinalizou ao economista Armínio Fraga que avaliará sua proposta.
Medidas mais arrojadas dependem de costuras políticas. Guedes, por exemplo, defendeu que é preciso privatizar estatais e vender imóveis da União. Sua proposta é angariar recursos para abater a dívida de curto prazo e reduzir o gasto com pagamentos de juros, redirecionando esse dinheiro para outros fins, como investimentos.
A questão mais avançada é o da reforma tributária. O entendimento geral é que não há espaço para aumento da carga e prevalece a preferência pela criação do imposto único federal. O novo tributo funde, por exemplo, PIS/Cofins e Impostos sobre Produtos Industrializados (IPI). A proposta ainda prevê o fim da maioria das contribuições, alvo de divergências com governadores. A contribuição é um tipo de tributo que a União não tem obrigação de compartilhar com os estados.
Como antigo defensor da autonomia dos entes federados, nos moldes dos Estados Unidos, Guedes descarta interferências da União sobre estados e municípios. Sua reforma deixa aos estados a gestão do ICMS e tira da cena política divergências nessa esfera.