Durante entrevista à rádio CBN, nesta quinta-feira (11), o candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) voltou a citar a entrevista concedida a Zero Hora em 10 de dezembro de 2014, na qual o então deputado federal discorreu sobre os direitos das mulheres. Mais uma vez, o capitão da reserva negou afirmações ditas ao jornal e que foram gravadas pela reportagem.
Confira como foi o diálogo na rádio CBN nesta quinta-feira (11):
PERGUNTA - O senhor já disse que, se fosse um empresário, não contrataria uma mulher pelo mesmo salário de um homem porque os empresários afirmam que a licença maternidade aumenta os custos. A isonomia salarial, como muito bem lembrou o senhor, está na Constituição Federal. O senhor continua a pensar desta forma, de que é uma questão privada, que tem de ser resolvida numa negociação entre empresários e trabalhadora e que o Estado não teria influência? E mais, o senhor teria alguma mulher entre seus ministros e para qual ministério?
BOLSONARO - Primeiramente, desafio o jornal Zero Hora, que escreveu isso, a mostrar o áudio. Fui entrevistado pelo jornal Zero Hora e a pauta era a seguinte: por que mulher ganha menos do que homem. Eu consultei, me preparei e falei que quem emprega dava prioridade para homem dado a um direito trabalhista a mais. Não era opinião minha. Era opinião de quem empregava. Procure uma mulher que seja patroa, que tenha lá cem ou 200 pessoas, e veja se ela contrata mais homens ou mulheres. Por que querem jogar essa responsabilidade em cima de mim? O PT joga isso em cima de mim. O PT ficou 13 anos no governo, por que não resolveu esse assunto? No serviço público, o salário é igual. Na iniciativa privada, quem decide é o patrão ou a patroa.
PERGUNTA - O senhor acha que essa questão salarial tem de ser resolvida como uma questão privada, ou seja entre as trabalhadoras e os empresários e não é uma questão pública na qual um presidente da República deva interferir. É isso que o senhor pensa?
BOLSONARO - O que eu penso é o seguinte: o mercado tem de decidir. Ninguém vai pagar mais para o homem porque é homem ou para a mulher porque é mulher. Isso vem a questão da produtividade de cada um. Se eu tenho uma mulher que faz barbaridade aqui, naquela área, você tem de pagar melhor para ela do que para o homem. Não tem a ver uma coisa com a outra. Isso é uma discussão, que país do mundo está discutindo isso aí? Isso é pauta para discutir com candidato à Presidência? Pelo amor de Deus. Me aponte um discurso meu nesse sentido, um projeto meu nesse sentido. Ficam em cima de fake news o tempo todo, o deputado não gosta de negro. Poxa, meu sogro é o Paulo Negão. Eu aprovei um negro aqui no Rio de Janeiro, foi o mais votado. Acha que eu quero o mal dele? Conheço há 20 anos, subtenente do Exército. Pô, parem com isso. Pelo amor de Deus. Vamos discutir o Brasil.
A seguir, confira a transcrição e os áudios das respostas de Jair Bolsonaro na entrevista publicada em 10 de dezembro de 2014 em Zero Hora.
Repórter – O senhor, como deputado progressista, não tem o papel de trazer a discussão sobre os direitos das mulheres à tona?
Jair Bolsonaro – Eu sou liberal. Defendo a propriedade privada. Se você quiser fazer uma matéria do c* comigo, você lê a emenda constitucional 81, sobre propriedade privada, você vai cair para trás, dá uma p* de uma matéria para vocês aí. O PT praticamente acabou com a propriedade privada em nosso país. Se você, por exemplo, tem um comércio, um negócio qualquer, que emprega 30 pessoas, eu não posso obrigar vocês a empregar 15 mulheres no mínimo, não posso fazer isso. Agora, você pode ver, a mulher luta tanto por direitos iguais. Legal, tudo bem. Só que tem um detalhe. Na hora de empregar a mulher, o que que o empregador pensa? Não sou eu que penso, não, porque graças a Deus, os empregados meus quem paga é o governo, eu não pago encargo trabalhista, eu não tenho dor de cabeça. Eu tenho pena do empresário no Brasil, porque é uma desgraça você ser patrão no nosso país, com tantos direitos trabalhistas. Isso nenhum deputado vai falar para você, porque você perde voto — já comecei agora a mostrar para você que não estou preocupado com voto. (fala do repórter) Pode escrever aí: quando o cara vai empregar, entre um homem e uma mulher jovem, o que que o empregador pensa? "Poxa, essa mulher aqui tá com aliança no dedo, não sei o quê, ela vai casar, é casada, daqui a pouco engravida, seis meses de licença-maternidade, bonito para c*, para c*, ". Quem que vai pagar a conta? É o empregador. No final, ele abate no INSS, mas ele fala o seguinte: quebrou o ritmo de trabalho. Quando ela voltar, vai ter mais um mês de férias. Então, no ano, ela vai trabalhar cinco meses.
Mas qual seria a solução?
Por isso que o cara paga menos para a mulher, qual a solução... É muito fácil eu, que sou empregado, ou que estou aqui no serviço público, que não tenho nada a ver com um empregado meu mandado embora, falar que é injusto, que tem que pagar salário igual. Só que aquele cara que está produzindo ali, na ponta da linha, com todos os encargos trabalhistas, aquela pessoa que fica fora, que perde o ritmo de trabalho etc. etc., ele vai ter uma perda de produtividade. O produto dele vai ser posto mais caro na rua, ele vai ser quebrado pelo cara da esquina. (conversa com o repórter) Eu sou um liberal, se eu quero empregar na minha empresa você ganhando R$ 2 mil por mês e a Dona Maria ganhando R$ 1,5 mil, se a Dona Maria não quiser ganhar isso, que procure outro emprego! Se você acha que também não tá ganhando, que procure outro emprego. Eu que estou pagando, o patrão sou eu.
Mas aí a mulher "se ferra" porque engravida?
Ela procura outro emprego. Tem mulher que ganha muito mais do que homem. (fala do repórter) Você não tem na lei, (inaudível), defendo a propriedade privada, liberdade individual etc. etc. etc., (inaudível) de esquerda, é a liberdade, pô. A mulher competente... Você tá dando cota, ou você quer dar cota para mulher? (conversa com outra pessoa) Eu não quero ser o carrasco das mulheres.