Em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto, Ciro Gomes (PDT) ultrapassou o candidato do PT, Fernando Haddad, nas menções entre usuários do Twitter nesta semana. No Facebook, o pedetista mostrou vantagem em dias alternados, alcançando 692 mil desde o início da semana. Os dados são da pesquisa divulgada nesta quinta-feira (4), pela Diretoria de Análise das Políticas Públicas (DAPP) da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
O candidato do PSL, Jair Bolsonaro, porém, se manteve bem à frente dos demais candidatos, com 5,5 milhões de interações no mesmo período.
O pedetista tem adotado o discurso de ser uma terceira via na corrida eleitoral, hoje liderada por Bolsonaro e Fernando Haddad, segundo pesquisas de intenção de voto.
Na quarta-feira (3), duas hashtags positivas a Ciro chegaram aos trending topics brasileiros no Twitter. Internautas compartilharam os termos #RenunciaHaddad e #Alcirina - esta última uma alusão à junção das candidaturas de centro de Geraldo Alckmin (PSDB), Ciro e Marina Silva (Rede).
Ciro tem usado suas redes sociais para divulgar o apoio de personalidades. O humorista Gregório Duvivier, os cantores Zeca Baleiro e Caetano Veloso e a escritora Fernanda Young são alguns dos famosos que declararam voto ao pedetista. Um dos filhos do candidato a vice pela chapa de Marina, Eduardo Jorge (PV), também se manifestou a favor de Ciro Gomes.
- Vemos uma aproximação grande na última semana dos simpatizantes da Marina com os que demonstram apoio a Ciro, com essa iniciativa de união - afirma o diretor de análise da DAPP, Marco Ruediger.
Segundo ele, a ascensão de Ciro nas redes sociais na última semana não faz parte de uma estratégia de campanha:
- As pessoas estão assustadas, há muita angústia no segmento dos indecisos que não querem aderir à polarização que Bolsonaro e Haddad representam.
Especialistas acreditam que mobilização veio tarde
Na mais recente pesquisa Ibope/Estadão/TV Globo, divulgada na quarta-feira (3), Ciro é o único candidato que aparece à frente de Bolsonaro num eventual segundo turno.
No fim de semana, as manifestações contra a candidatura de Bolsonaro, marcadas pela hashtag #elenão, e os atos a favor do candidato, que utilizaram #elesim, aumentaram a polarização.
- Ele está se aproveitando da busca por uma alternativa de centro - disse Ruediger.
Na avaliação do cientista político Pedro Costa, das Faculdades Rio Branco, o crescimento de Ciro ocorre porque ele é o mais bem colocado com um discurso de quebra da polarização.
- É o candidato dos que não querem nem Haddad nem Bolsonaro - afirmou Costa.
Ruediger, no entanto, afirma acreditar que a mobilização a poucos dias do primeiro turno veio tarde demais para a campanha do PDT:
- Difícil haver uma virada agora. Ainda tem uma distância significativa nas intenções de voto entre Haddad e Ciro. Talvez com uma semana a mais, essa tendência poderia vingar nas pesquisas.
O fenômeno das redes sociais, entretanto, continua sendo Bolsonaro.
- A campanha do Bolsonaro tem um diferencial. As pessoas se sentem mais próximas do candidato que não utiliza muitos recursos, não deixa os vídeos arrumados. O marketing convencional está sendo rejeitado - disse Ruediger.