O candidato do PDT à Presidência nas eleições de 2018, Ciro Gomes, disse nesta quarta-feira (3), que aceitaria o apoio de outros rivais na disputa para tentar chegar ao segundo turno, como Marina Silva, da Rede, e Geraldo Alckmin, do PSDB. O pedetista ressaltou, no entanto, que seria uma "indelicadeza" partir dele este movimento.
— Eu não gosto de oportunismo. Eu estou na política porque gosto da inteligência do povo — disse Ciro em São Paulo. — Não posso cometer a indelicadeza de pedir a meus adversários que abram mão de suas candidaturas.
O pedetista disse também que pode incorporar pautas de Marina e de Alckmin em sua campanha.
— A Marina é uma pessoa que trabalhou para o Brasil a vida inteira. Do Alckmin, posso adotar algumas coisas. O IVA (Imposto sobre Valor Agregado), por exemplo, é uma proposta minha. Se eu for procurado, aceito o apoio deles.
Nesta terça-feira (2), foi publicado no site change.org um manifesto chamado "Um apelo à chapa #Alcirina", pedindo a união das candidaturas de Alckmin, Ciro e Marina. O documento, que está aberto para assinaturas, diz "juntos, os senhores e a senhora somam votos para oferecerem uma terceira via no segundo turno das eleições. Juntos, vencem Haddad e Bolsonaro, impedindo que o país tenha que escolher entre projetos de poder que irão aprofundar ainda mais a crise que vivemos. Juntos, os senhores e a senhora são a única esperança do povo brasileiro nesse momento de obscurantismo. É esta oportunidade histórica que está à frente de suas candidaturas: a união em prol de um projeto maior de Nação". Até a tarde desta quarta-feira, mais de 2,6 mil pessoas já haviam manifestado apoio ao movimento.
No final de agosto, o advogado Miguel Reale Júnior — ex-ministro da Justiça e um dos autores do pedido de impeachment de Dilma Rousseff (PT) — tentou promover uma reunião entre Marina Silva (Rede), Henrique Meirelles (MDB), Geraldo Alckmin (PSDB) e Alvaro Dias (Podemos) para para discutir a possibilidade de união em torno de uma candidatura única de centro na reta final do primeiro turno. Entretanto, os candidatos da Rede e do MDB desistiram de participar do encontro, que não aconteceu.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em carta divulgada nas redes sociais, também propôs uma união dos moderados para evitar vitória do radicalismo. Após a repercussão gerada pelo documento, ele usou o Twitter, para afirmar que o texto foi direcionado "aos eleitores e eleitoras, não aos candidatos ou aos partidos".
Ciro voltou a criticar a polarização entre os candidatos do PT, Fernando Haddad, e do PSL, Jair Bolsonaro. Em sua avaliação, "o País está sendo destruído pela política" e é preciso que a campanha retorne a uma discussão programática.
— O PT criou o Bolsonaro e o Bolsonaro criou o PT — disse Ciro. — O meu pedido é a todos os indecisos, que tendo uma preferência admitam mudar de voto.
O candidato do PDT voltou a falar sobre a marcha de sábado (29), contra Bolsonaro em diversas capitais do País, que, em sua avaliação, teve um erro de posicionamento que permitiu a ascensão de Bolsonaro nas pesquisas de opinião.
— O ato das mulheres foi a coisa mais linda que aconteceu. A política tem coisas que a gente só vê depois. Eu percebi só depois que quando demos a ideia de '"ele não" acabamos trazendo uma polarização que não ajuda nossa causa — disse. — Agora é hora de dizer sim. O erro foi de posicionamento de marketing. Não tem ele não na urna. Tem 12, 13, 18. Assumam o sim para o seu se não for para mim.
Ciro ainda descartou abrir mão de alguns direitos trabalhistas para diminuir o desemprego.
— Nenhum direito (trabalhista) a menos— afirmou. — Precisamos achar um caminho inteligente estudando as boas práticas internacionais, como a China e Alemanha.
No final da entrevista, o candidato incitou Bolsonaro a comparecer no debate da Globo, dizendo que "atestado médico falso é crime".