A consolidação das intenções de voto à Presidência a quatro dias das eleições faz com que candidatos abandonem estratégias iniciais e tentem conquistar eleitores vacilantes. São aqueles que já escolheram em quem votar, mas ainda consideram mudar de opção até o pleito.
Após estagnar nas pesquisas e ver seu principal adversário avançar, Fernando Haddad (PT) subiu o tom contra Jair Bolsonaro (PSL). O objetivo é atrair parte dos 14% de eleitores que, embora demonstrem preferência pelo militar reformado, apontam o nome do PT como alternativa.
Aliados consideram prioritária a recuperação do terreno entre mulheres, famílias de baixa renda e no Nordeste. Também há preocupação em blindar eleitores do PT dos avanços de Ciro Gomes (PDT). Entre quem aponta Haddad como predileto, 18% ainda podem mudar, sendo o trabalhista a principal opção, conforme o Datafolha. A hipótese de ataques ao pedetista não está descartada caso o caminho do substituto de Lula ao 2º turno venha a ser ameaçado.
A pauta econômica será explorada mirando a população mais pobre. Críticas do vice de Bolsonaro, Hamilton Mourão (PRTB), ao 13º salário serão usadas no horário eleitoral.
O debate da TV Globo, na noite desta quinta-feira, é encarado como definidor. Por determinação médica, Bolsonaro não participará. Ainda assim, seguirá fazendo transmissões ao vivo no Facebook.
O fomento ao antipetismo é sua principal arma para segurar o apoio dos 16% de eleitores que admitem trocá-lo, conforme o Datafolha.
O discurso busca aproximação com quem podem abandonar Geraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva (Rede), Alvaro Dias (Podemos) e João Amoêdo (Novo). Metade dos eleitores do tucano admite mudar. Apesar de Marina liderar como segunda opção ao tucano, Bolsonaro aparece em seguida, podendo atrair um em cada cinco votos desistentes de Alckmin. Em relação a Dias e Amoêdo, aliados acreditam em transferência até maior.
Ciro mira petistas receosos quanto à vitória em 2º turno
Apoiadores do capitão do Exército acreditam na possibilidade de vitória no 1º turno. Para isso, convocam simpatizantes a auxiliar na campanha, com o objetivo de conquistar, pelo menos, dois votos entre os amigos. O WhatsApp tem função estratégica nesta ofensiva.
Em terceiro na disputa, Ciro também aposta no voto útil, tentando atrair eleitores de Haddad vacilantes quanto à vitória contra Bolsonaro. Uma em cada quatro pessoas que preferem o petista aponta o trabalhista como segunda opção. O ex-governador do Ceará espera conquistar esse grupo como único que venceria todos os adversários na disputa direta.
O discurso também será usado para estimular o desembarque da candidatura de Alckmin e de Marina. Os últimos atos da campanha do pedetista serão no Rio de Janeiro, Minas Gerais e na cidade onde vota, Fortaleza.
Alckmin manterá o tom ácido contra os dois líderes das pesquisas e tentará crescer na região Sudeste, onde é mais conhecido. O tucano deposita suas esperanças entre os 16% de eleitores que podem abandonar Bolsonaro. Desses, 24% escolheriam o ex-governador de São Paulo como segunda opção. Nos próximos dias, a agenda do tucano prevê atos em Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.
Marina, que chegou a figurar na segunda posição nas pesquisas no início da campanha, está estacionada na quinta posição. Apesar disso, seguirá com tom propositivo, evitando ataques a adversários. Ela é a principal alternativa entre os eleitores de Alckmin. Os últimos atos públicos da ex-senadora antes do 1º turno serão realizados no Rio de Janeiro, Bahia e no Acre, seu domicílio eleitoral.