Embora eleitores de Jair Bolsonaro (PSL) e de Fernando Haddad (PT) – que lideram as pesquisas para a Presidência – sejam os mais convictos em seus votos, números do Ibope e do Datafolha divulgados no início da semana indicam que há espaço para mudanças, ainda que a margem seja reduzida.
Na sondagem do Ibope de segunda-feira, 59% dos entrevistados que declararam apoio ao capitão reformado do Exército disseram se tratar de decisão sem volta. No caso do petista, o índice de aceitação incondicional chegou a 49%. No início de outubro de 2014, por exemplo, pesquisa similar do instituto apontava decisão definitiva de 63% dos eleitores de Aécio Neves (PSDB) e 67% dos de Dilma Rousseff (PT).
No Datafolha de terça-feira, os percentuais foram mais altos: 84% declararam adesão fiel a Bolsonaro e 82% a Haddad. Uma das explicações para a diferença está nas opções de resposta – o Ibope apresentou cinco opções de escolha, enquanto o Datafolha, duas.
Ambos os institutos concluíram ainda que a convicção nos votos em Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB) e Marina Silva (Rede) é menor se comparada à dos dois líderes. Além dessa massa de eleitores com dúvidas, outro fator que pode pesar no resultado é o percentual de votantes sem candidato. Segundo o Datafolha, 5% estão indecisos e 8% afirmaram que pretendem votar em branco ou anular o voto.
Proximidade da data do 1º turno reduz chance de possível migração
A questão é: até que ponto essa indefinição tem potencial para alterar o rumo de uma eleição tão polarizada? Na avaliação do doutor em Ciência Política Paulo Peres, é difícil, mas não impossível. Professor da UFRGS, ele não descarta a hipótese de migração de votos de Haddad para Ciro:
— Ciro vem batendo muito no argumento de que é o único que pode superar Bolsonaro no 2º turno. Isso pode tirar eleitores de Haddad e atrair o voto útil de antipetistas que não se alinham a Bolsonaro, mas há pouco tempo hábil e o cenário está bastante consolidado.
O Datafolha questionou os entrevistados que admitiram repensar o voto sobre qual seria sua segunda opção. Entre eleitores de Haddad, o predileto foi Ciro, reforçando a análise de Peres. Já os apoiadores de Alckmin se dividiram entre Marina, Bolsonaro e Ciro, e os simpatizantes da ex-ministra apontaram o petista como preferido. Quanto ao militar, o tucano foi a principal alternativa, o que, apesar de o PSDB reivindicar o voto de contraponto ao PT, não tem surtido efeito.
— Quanto mais Haddad se firma como adversário no 2º turno, mais se consolida a certeza entre os bolsonaristas — avalia Peres.
Na soma, o Datafolha identificou empate entre os adversários com maiores chances de se tornarem a segunda opção, caso isso venha a ocorrer. Com 15% das preferências, apareceram Ciro, Alckmin e Haddad, e com 14%, Bolsonaro.