Após reuniões com correligionários nesta quinta-feira (11), o deputado federal José Fogaça (MDB), derrotado na disputa ao Senado nas eleições de 2018, anunciou que irá acatar, sem contestação, a decisão do seu partido de apoiar Jair Bolsonaro (PSL) na disputa presidencial. Ex-senador e ex-prefeito de Porto Alegre, responsável por quebrar a hegemonia de 16 anos do PT na Capital, Fogaça, apesar do alinhamento, evitou responder se votará em Bolsonaro e se fará campanha explícita ao capitão da reserva.
— O grande fato é que eu acato a decisão do partido pública e notoriamente. Agora, o voto, que eu saiba, é secreto — serpenteia Fogaça.
Embora guarde reserva sobre o que fará diante da urna, Fogaça assegura que "não há hipótese de votar no PT" do presidenciável Fernando Haddad. Ele diz que, até a eleição, irá fazer uma análise entre optar por Bolsonaro ou pelo branco.
Candidato do MDB à reeleição ao Palácio Piratini, o governador José Ivo Sartori anunciou na última segunda-feira (8) seu apoio ao capitão da reserva, embarcando na onda conservadora que levou o líder do PSL e seus apoiadores a receberem votações avassaladoras no primeiro turno. A partir disso, lideranças do antigo MDB, ligado à resistência pacífica à ditadura, passaram a ser pressionadas para que acompanhassem a posição do partido e de Sartori.
Fogaça, 71 anos, é nome histórico do MDB gaúcho. Foi deputado estadual a partir do final dos anos 70, ainda no período do regime militar. Sua atuação, naquele período repressivo, foi marcada por discursos considerados memoráveis na Esquina Democrática, em Porto Alegre.
Depois, em 87, passou a exercer mandato de senador, obtendo destaque na Assembleia Nacional Constituinte, quando desempenhou a função de relator-adjunto, convivendo diariamente com Ulysses Guimarães, liderança maior do MDB à época. Ao promulgar a Carta Magna, Ulysses declarou ter "ódio e nojo" à ditadura. Para Fogaça, o passado ligado à construção da democracia não é óbice para a decisão atual do partido, acatada por ele, de apoiar Bolsonaro, que já fez diversas declarações de apoio aos governos militares e relativizou métodos como a tortura.
— Isso tem de perguntar à direção partidária, que tomou a decisão. A comparação é primária. Ser saudosista é uma questão muito particular dele, não significa que vai ter influência nos atos de governo. E, se tiver, vamos nos opor frontalmente. Mas tenho certeza que a civilidade democrática que o Brasil alcançou não permite mais isso. Aquilo (ditadura) não vai mais acontecer — assevera Fogaça.
Na eleição do último domingo (7), o emedebista ficou em quinto lugar na disputa pelas duas vagas ao Senado, com 13,88% dos votos. As pesquisas mostravam ele entre os dois prováveis eleitos até à véspera do pleito.
— Obviamente eu perdi a eleição muito por causa da onda Bolsonaro, que me levou quase 50% dos votos em três dias. Mas isso não é razão para eu deixar de me incorporar ao projeto de recuperação do Estado através da reeleição do Sartori.