
Submetido à pressão dos aliados desde a vitória sobre José Ivo Sartori (MDB) no primeiro turno, Eduardo Leite (PSDB) foi convencido a declarar voto em Jair Bolsonaro (PSL) na corrida presidencial. Na noite desta quarta-feira (10), o tucano publicou um vídeo em redes sociais explicando aos eleitores a posição.
Na mensagem de pouco mais de três minutos e 46 segundos, Leite disse que os “gaúchos não aceitam quem não se posiciona. Mas também não aceitam a falsidade e a covardia”. Salientando jamais ter votado no PT, o candidato enfileirou críticas ao partido para finalmente anunciar:
— Neste segundo turno, para evitar a volta do PT, darei meu voto ao candidato Bolsonaro. É um gesto democrático, acompanhando inclusive a decisão coletiva dos partidos da minha coligação.
A definição ocorreu após reunião do conselho político da campanha, no final da manhã. Durante mais de uma hora, dirigentes e parlamentares do PP e do PSDB, além do vice Ranolfo Vieira Júnior (PTB) e do presidente do PTB, Luis Carlos Busato, discutiram o assunto.
Leite havia participado na véspera da reunião da executiva nacional tucana, em Brasília, e voltou disposto a manter a postura adotada desde domingo: negar apoio ao PT de Fernando Haddad, mas observar discreta distância de Bolsonaro. Ao cabo, venceu o pragmatismo eleitoral.
– Entre um e outro, não tem o que escolher. A pressão era imensa – definiu um dos estrategistas.
Tucano ressalta discordâncias com Bolsonaro
Na conversa com os aliados, Leite voltou a ponderar que não concorda com diversas posições de Bolsonaro, sobretudo o repúdio às minorias. Convencido de que a eleição estava em risco e que muitos eleitores manifestavam contrariedade com as afirmações ambíguas sobre a disputa à Presidência, o cabeça de chapa acabou capitulando.
— É um troço maluco. Todo mundo pressionando. Não é fácil para ele — comentou um membro do estafe tucano.
Após a reunião, Leite se recolheu para estabelecer os termos do comunicado. Ao lado de assessores, fez uma escolha minuciosa das palavras e fez questão de deixar claro no texto que não comunga de várias ideias do capitão.
– Não quero vencer a eleição e perder a alma. Tenho uma posição firme: não arredar pé dos meus princípios e valores. Defendo uma política feita com amor, e não com ódio – pontuou Leite.
Também cobrou autocrítica do militar “sobre frases e pensamentos que não respeitam a democracia e a existência pacifica e natural de outros seres humanos:
— Gostaria de ter visto isso, e já me deixaria mais confortável, mas não vi.
Horas antes da divulgação do vídeo de Leite na internet, a coligação Rio Grande da Gente – PSDB, PTB, PP, PPS, Rede, PRB e PHS – distribuiu nota oficial conjunta na qual anuncia voto no candidato do PSL. A Rede, entretanto, afirmou no final da noite que não apoiará Bolsonaro.
“Neste momento decisivo, não podemos admitir o retorno de um projeto de poder que gerou o maior escândalo de corrupção da história, corrompendo a democracia e o futuro do país.” A nota assinada pelos partidos lembra que os eleitores gaúchos escolheram “majoritariamente o candidato Bolsonaro” e é a “este povo que agora nós também nos unimos”.
No comunicado, que traz os logotipos dos candidatos do PSL e do PSDB, recomendam aos filiados “o voto, o apoio e o trabalho a favor de Jair Bolsonaro”.