O PT não pretende desistir tão cedo da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Enquanto dirigentes denunciam "violência" contra Lula, o partido pretende recorrer da decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que negou, na madrugada deste sábado (1º), registro ao petista. Como ele está proibido de se apresentar como candidato, a ideia é seguir usando sua imagem na propaganda sem pedido formal de votos. O PT aposta na exposição como mecanismo de transferência de votos possível ao vice, Fernando Haddad.
— Tirar o Lula do ar é uma medida violenta, sem precedentes. Não vamos permitir. Isso nunca aconteceu antes. Vamos às últimas consequências. Essa decisão mergulha o país na insegurança jurídica e o coloca em colisão com a comunidade internacional — afirma o líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS).
Antes do julgamento, o PT moveu uma campanha nas redes sociais, cunhada pela hashtag #LulaNasUrnasTSE. Nas mensagens, parlamentares, dirigentes, entidades sindicais e simpatizantes publicavam palavras de líderes internacionais em apoio ao ex-presidente e alertavam para um suposto aprofundamento da crise política caso a candidatura fosse negada.
Mais cedo, a direção nacional do PT distribuiu nota reclamando do que consideram “pressa” do TSE em analisar o caso. A defesa de Lula havia sido protocolada no tribunal às 23h07min de quinta-feira, pouco antes do prazo final. A expectativa era de que o processo fosse julgado somente na próxima semana, mas o relator Luís Roberto Barroso decidiu abreviar a tramitação por causa da estreia da propaganda eleitoral à Presidência, neste sábado.
— Qual é o medo? Lula não pode falar à imprensa, não participa de debates. Agora não querem que apareça na propaganda. Até onde vai isso? — questiona Pimenta.
Segundo o parlamentar, o PT irá recorrer ao próprio TSE e ao STF na tentativa de reverter a derrota de sexta-feira. Como protesto, cogita suspender a propaganda do partido neste sábado. Pimenta diz que o PT pode transmitir apenas uma mensagem denunciando o que considera perseguição a Lula. A troca na titularidade da candidatura de Lula por Haddad não irá ocorrer tão cedo. O PT tem até 17 de setembro para providenciar a substituição.
— Vamos até o fim. Qualquer mudança vai partir do Lula. É ele quem vai decidir — disse Pimenta.