O PT abriu mão de fazer um convite formal para PSB e PC do B em torno da candidatura presidencial do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva . Mesmo sem uma aliança nacional, o PT decidiu apoiar o PSB em quatro Estados, entre eles Pernambuco, apostando que os pessebistas ficarão neutros na campanha presidencial e não fecharão com o candidato Ciro Gomes (PDT). A decisão da cúpula petista de retirar a pré-candidatura da vereadora Marília Arraes ao governo de Pernambuco em nome de um acordo nacional com o PSB dividiu o núcleo dirigente do PT.
O convite para uma aliança nacional será feita apenas ao Pros, conforme resolução aprovada pela Executiva Nacional do partido nesta quarta-feira (1º) em Brasília. Na reunião, o PT bateu o martelo para apoiar o PSB em quatro Estados: Pernambuco, Amazonas, Amapá e Paraíba, assim como dar apoio ao governador Flávio Dino (PC do B), que busca reeleição no Maranhão. Na resolução, o partido fala em abrir condições para um apoio em torno de Lula e a eleição de um governo de esquerda no pleito de outubro.
"Nessa perspectiva, o PT decide incorporar-se às campanhas em que esses aliados históricos disputam governos estaduais, criando as condições para ampliar nacionalmente o apoio à candidatura Lula", diz trecho da resolução.
O PT reforçou que a candidatura de Lula é "prioridade absoluta" para o partido. A legenda vai oficializar o nome do ex-presidente no próximo sábado (4) durante encontro nacional na capital paulista.
A direção do partido, conforme o documento, intensificou o diálogo com PSB e PCdoB nos últimos dias para fortalecer uma unidade em torno da candidatura de Lula "e construir as condições políticas para que uma aliança progressista governe o País a partir de janeiro de 2019".
O PT está com esses dois partidos em quatro Estados: Bahia, Acre, Ceará e Maranhão. A executiva petista destacou que ainda trabalha para construir alianças "no maior número possível de Estados."
Divergência com Marília Arraes
Em Pernambuco, dez dos 26 integrantes da Executiva Nacional do partido ligados a tendências internas da chamada 'esquerda do PT' protocolaram no Diretório Nacional da legenda um recurso pedindo a revisão da decisão.
O documento, que aponta a divergência à decisão aprovada na tarde desta quarta-feira, 1º, foi articulado pelas tendências Esquerda Popular Socialista (EPS), Democracia Socialista (DS), Militância Socialista (MS), Avante e O Trabalho.
De acordo com o secretário de movimentos populares do PT, Ivan Alex Lima, um dos signatários do recurso, a ideia do grupo é "rever no Diretório Nacional a retirada de candidatura de Marília Arraes, tendo em vista que ela unificou o PT de Pernambuco, tem apoio dos movimentos sociais e está bem posicionada nas pesquisas eleitorais, ocupando a segunda posição, empatada com o primeiro colocado".
— Esse documento mostra uma divergência política programática dentro da Executiva do PT — afirmou Ivan Alex Lima à reportagem. Os dez signatários do recurso representam 38,4% da composição da Executiva Nacional do PT.
No recurso, o grupo afirma "que o resultado concreto das negociações com o PSB resultaram no 'não apoio' formal e nacional (ao PT), e portanto não está dentro do que pode ser considerado dentro dos interesses partidários para vencer as eleições 2018".
"Em defesa da democracia interna, recorremos ao Diretório Nacional da decisão sobre tática eleitoral", arremata o documento. Além de Ivan Alex, assinam o recurso os membros da Executiva Mucio Magalhães, Silvana Donatti, Carlos Henrique Árabe, Renato Simões, Markus Sokol, Vilson Oliveira, Moara Saboia, Luizianne Lins, Marcio Tavares.
Marília Arraes diz que respeita a decisão do PT, mas vai recorrer
A vereadora do Recife e pré-candidata do PT ao governo de Pernambuco, Marília Arraes, disse nesta quarta-feira, 1, em coletiva de imprensa no Recife, que "respeita a decisão da Executiva Nacional, mas não concorda e que vai recorrer". A petista declarou que não se tratava de uma intervenção da cúpula do PT, atacou o governador e pré-candidato à reeleição, Paulo Câmara (PSB) e culpou os pessebistas por pressionar a cúpula do partido com "chantagens" em troca do apoio a um "governo falido".
Marília reafirmou que o encontro estadual do PT está mantido para esta quinta-feira, 2, e convocou os 300 delegados da agremiação para votar em favor da candidatura própria do partido no Estado.
— Não é surpresa (a decisão da direção nacional). Nossa candidatura nasceu das bases, ganhou corpo e assustou os nossos adversários que manobraram e adiaram três vezes o encontro estadual porque sabe que vamos ganhar. Somos os únicos capazes de defender o projeto do presidente Lula e vamos recorrer até a última instância — declarou.
De acordo com a deputada estadual e membro da direção nacional do PT, Teresa Leitão, hoje mesmo já foi protocolado um recurso contra a decisão. O pedido deve ser apreciado no encontro da direção nacional da sigla, sexta-feira em São Paulo.
"Lula deu todos os sinais (de que apoia a candidatura própria do PT em Pernambuco) antes e depois da prisão, inclusive ele mandou recados públicos por pessoas idôneas que não colocariam palavras na boca do presidente", disse.