A estratégia do PT de fazer qualquer negócio para fortalecer a candidatura do ex-presidente Lula abriu focos de crise com filiados de diferentes Estados. Um dos acordos mais controversos foi fechado com o PSB: para impedir o apoio do partido a Ciro Gomes (PDT), o PT prometeu sacrificar a candidatura de Marília Arraes (PT) ao governo de Pernambuco e apoiar a reeleição do governador Paulo Câmara (PSB). O PSB se comprometeu a aprovar a neutralidade na eleição presidencial.
Marília divulgou um vídeo dizendo que não se entrega e convocou uma entrevista coletiva para dizer que, se for preciso, recorrerá a todas as instâncias do partido.
– Estamos firmes. Não vamos deixar que a esperança do povo de Pernambuco seja usada como moeda de troca – disse na gravação.
Pelo Twitter, o ex-governador Tarso Genro reagiu: “Peço a Deus e às forças do além, que eu não esteja entendendo bem que foi feito um acordo PT-PSB que descarta a candidatura da Marília Arraes ao governo de Pernambuco, o grande quadro renovador da esquerda do Nordeste! Aguardemos!”.
A negociação com o PSB inclui a retirada da candidatura do ex-prefeito de Belo Horizonte Márcio Lacerda, em Minas, para não atrapalhar a reeleição do governador Fernando Pimentel (PT). Lacerda divulgou nota afirmando que recebeu a decisão do PSB com “indignação, perplexidade, revolta e desprezo”. O governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollenberg (PSB), já avisou que vai fazer campanha para Ciro. O ex-deputado Beto Albuquerque disse que o PSB está dividido entre a neutralidade e o apoio ao pedetista e que a decisão só será tomada na convenção de domingo. O próprio Beto, candidato ao Senado em aliança com José Ivo Sartori (MDB), prefere Ciro.
Os movimentos do PT vão além. A direção nacional está trabalhando para convencer o PC do B a retirar a candidatura de Manuela D’Ávila, confirmada nesta quarta-feira (1) em convenção. Interlocutores de Lula sugerem que Manuela seja candidata a vice.
Tanto esforço poderá ser em vão, porque Lula dificilmente conseguirá obter registro de candidato porque foi condenado em segunda instância. Ao negar o pedido de um cidadão que queria a declaração antecipada de que Lula não pode concorrer, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Luiz Fux, escreveu que há uma “inelegibilidade chapada”(evidente, notória) na eventual candidatura, mas que só depois de registrada a chapa a Justiça Eleitoral tomará a decisão.
O presidente estadual do PT, Pepe Vargas, insiste na tese de que a jurisprudência dos tribunais superiores pesa a favor de Lula:
– Em eleições anteriores, candidatos condenados em segunda instância ganharam liminar para concorrer. Se negarem o registro a Lula, será perseguição política.
O TSE tem até 17 de setembro para julgar os pedidos de registro, mas poderá antecipar a avaliação desse caso para antes do início da propaganda eleitoral de rádio e TV, que começa em 31 de agosto.