A participação dos candidatos à Presidência no horário eleitoral, que começa na sexta-feira (31), traz esperanças a quem patina nas pesquisas de intenção de voto e também incertezas, já que a participação do ex-presidente Lula no pleito poderá ser barrada pela Justiça Eleitoral na próxima semana.
Um entre os 13 concorrentes tem quase metade do tempo destinado à corrida ao Planalto. Outros, apesar de contarem com expressivo capital político, terão poucos segundos para apresentarem suas ideias, já que não emplacaram coligações robustas. Há ainda o "clube dos 5", composto por três postulantes ao cargo máximo do país que terão somente 5 segundos por bloco.
A campanha à Presidência em rádio e TV será transmitida aos sábados, terças e quintas-feiras. Até 4 de outubro, último dia de veiculação, serão 30 programas em 15 dias distintos. Além disso, haverá inserções durante a programação normal das emissoras, peças valorizadas por pegarem o eleitor de surpresa, antes que ele possa mudar de canal. Abaixo, as estratégias dos candidatos listados em ordem alfabética.
ALVARO DIAS (PODEMOS)
40seg
53 inserções
Adotará discurso forte contra a corrupção e em defesa da segurança pública. Usará os motes "Abre o olho, Brasil" e "Fala e faz". Atuante nas redes sociais, pretende fazer transmissões pela internet.
CABO DACIOLO (PATRIOTA)
8seg
11 inserções
Assim como faz em debates e apesar do tempo reduzido, os programas do candidato terão diversas referências a passagens bíblicas. Nas gravações, ele dirá que o Brasil tem solução e que é preciso manter a fé.
CIRO GOMES (PDT)
38seg
51 inserções
O ex-governador do Ceará e ex-ministro da Fazenda e da Integração Nacional irá apostar na apresentação de propostas, entre elas, a que pretende renegociar dívidas de brasileiros que estão com o nome negativado em órgãos de proteção ao crédito. Temas como segurança, educação e saúde também serão destacados. A palavra de ordem de Ciro Gomes em seus 38 segundos por bloco será "Mude". Ele não deverá usar a imagem do ex-presidente Lula, mas também não atacará o petista. Críticas aos outros candidatos deverão ser pontuais, conforme a evolução da campanha eleitoral. Assim como os demais, irá badalar suas redes sociais e chamar para transmissões ao vivo nestas plataformas.
EYMAEL (DC)
8seg
12 inserções
A figura de José Maria Eymael, como deputado constituinte e candidato à presidência pela quinta vez, será explorada. O mote será "Sinais! Fortes sinais!", remetendo à vitória. O famoso jingle "Ey, Ey, Eymael" estará presente.
GERALDO ALCKMIN (PSDB)
5min32seg
434 inserções
Dono do maior tempo entre os candidatos ao Planalto, o tucano irá apresentar ações de seus quatro mandatos como governador de São Paulo, projetando a imagem de "realizador". A senadora Ana Amélia, vice na chapa, terá participação frequente nos programas para atrair votos de mulheres e do setor do agronegócio. A coligação avalia a melhor forma de atacar o candidato Jair Bolsonaro, visto como adversário direto na briga pelo segundo turno. Estrategistas do PSDB acreditam que a outra vaga ficará com o indicado pelo PT. Alckmin aposta no longo tempo de exposição na TV para melhorar seu desempenho em pesquisas, onde não passa de 9% no melhor dos cenários.
GUILHERME BOULOS (PSOL)
13seg
17 inserções
A apresentação do candidato e de sua vice, Sônia Guajajara, e críticas ao sistema eleitoral irão aparecer nos 13 segundos por bloco que o partido terá direito. Os eleitores serão chamados para transmissões ao vivo pelas redes sociais.
HENRIQUE MEIRELLES (MDB)
1min55seg
151 inserções
Henrique Meirelles será apresentado como um "resolvedor de problemas". Ele usará discursos do ex-presidente Lula elogiando sua atuação como presidente do Banco Central nos dois primeiros governos petistas. Também irá citar sua passagem pelo Ministério da Fazenda no governo de Michel Temer, mas sem mostrar a imagem do colega de partido, tido como "espanta votos". Seu slogan será: "Chama o Meirelles". Os programas deverão ser mais descontraídos, sem a previsão inicial de críticas a rivais. Estrategistas de Meirelles creem que seu principal adversário na briga pelo segundo turno é Jair Bolsonaro, mas a expectativa é que Geraldo Alckmin arque com o ônus de atacá-lo.
JAIR BOLSONARO (PSL)
8seg
11 inserções
Se por um lado Jair Bolsonaro lidera pesquisas de intenção de votos em cenários sem o ex-presidente Lula, por outro, é o que tem o menor tempo entre os candidatos do pelotão de frente. Em apenas oito segundos, a aposta será apresentar tópicos de suas propostas em temas de grande apelo junto a seus eleitores, como segurança e defesa da família. A popularidade do deputado federal nas redes sociais será utilizada para ampliar seu tempo de exposição. Como faz em entrevistas para a TV, o candidato irá convidar os espectadores para transmissões em suas páginas na internet. Poderão ser utilizadas breves imagens de visitas de Bolsonaro a cidades, onde geralmente é recebido por grupos de eleitores.
JOÃO AMOÊDO (NOVO)
5seg
8 inserções
Será apresentado como nova opção na política. Apesar do tempo diminuto, deverá apostar em mensagens curtas, chamando para transmissões ao vivo em suas redes sociais, como já faz durante debates em que não é convidado.
JOÃO GOULART FILHO (PPL)
5seg
7 inserções
Aposta em um programa simples, com a foto de João Goulart Filho, o número e o slogan: "Quem gosta do Brasil vota nele!". Nas inserções durante a programação, haverá referências a João Goulart, o Jango, pai do candidato.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA (PT)
2min23seg
189 inserções
O nome de Luiz Inácio Lula da Silva, líder em todas as pesquisas de intenção de voto, será fortalecido como candidato do PT. Realizações dos governos petistas serão destacadas e haverá críticas ao impeachment de Dilma Rousseff. No entanto, como há a possibilidade de a Justiça Eleitoral negar o registro ao ex-presidente devido à Lei da Ficha Limpa na próxima semana, um dos principais objetivos é tornar o vice, Fernando Haddad, mais conhecido entre os eleitores. Caso a tendência se confirme e o ex-prefeito de São Paulo acabe liderando a chapa, ele será apresentado como o candidato de Lula. O mote será "Haddad é Lula, Lula é Haddad".
MARINA SILVA (REDE)
21seg
29 inserções
Definido por Marina Silva como uma "fresta" no horário eleitoral, os 21 segundos por bloco são o resultado da falta de alianças com outros partidos. Ela vai abrir o primeiro dia de programas com postulantes ao Palácio do Planalto, no próximo sábado. Além da divulgação de propostas e resgate de sua trajetória política, uma das prioridades será apresentá-la como mulher forte, destacando-a como mãe, negra, professora e trabalhadora. A estratégia é cicatrizar feridas abertas na campanha de 2014, quando ela foi duramente atacada pelos adversários que foram para o segundo turno, Dilma Rousseff e Aécio Neves. Marina irá chamar eleitores para acompanhá-la em suas redes sociais.
VERA LUCIA (PSTU)
5seg
7 inserções
Atacará a reforma trabalhista. As regras de divisão dos fundos partidário e eleitoral e o espaço reduzido do partido na TV também serão criticados. Os eleitores serão chamados para uma "Rebelião" contra o atual sistema político.