Pré-candidato à Presidência da República, Geraldo Alckmin (PSDB) reafirmou nesta quarta-feira (11) que a legenda aguarda uma posição do bloco do "centrão" - composto por PP, SD, PHS, PR, PRB e DEM - para definir as alianças na disputa presidencial.
— Queremos estar juntos para ganhar eleição, nós vamos ganhar, vamos para o segundo turno, e também para governar. Não posso falar por eles (do centrão), mas no que depender de mim queremos estar juntos. Estamos juntos em muitos Estados, temos propostas parecidas. Vamos aguardar — declarou.
Alckmin passou a quarta-feira em Brasília para tratar da eleição presidencial e também nos Estados. No início da noite, conversou com o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), em busca de apoio. A reunião ocorreu no gabinete do parlamentar no Senado.
Questionado sobre o encontro, Alckmin disse que o "café foi muito bom" e que possui uma forte aliada junto ao senador. Ele é amigo há 30 anos da sogra de Nogueira, a ex-deputada Miriam Portela, filiada ao PSDB e uma das fundadoras do partido.
— Eu falei para ele: 'sogra se respeita'— brincou o tucano.
A reunião entre Alckmin e o presidente do PP ocorreu poucas horas após Nogueira ter participado da reunião do centrão na casa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que acabou sem definição sobre qual candidato o bloco vai apoiar.
Nome controverso
O presidente do PP Ciro Nogueira já responde ou respondeu a pelo menos sete inquéritos no Supremo — um deles foi arquivado e outro rejeitado pelos ministros. Dos cinco aos quais ele ainda responde, quatro são no âmbito da Lava-Jato.
Em setembro de 2017, o senador foi denunciado por organização criminosa no inquérito conhecido como "Quadrilhão do PP" por Rodrigo Janot e, em março deste ano, a atual procuradora-geral, Raquel Dodge, referendou as acusações. Segundo a investigação da Procuradoria, integrantes do partido indicavam para cargos no governo federal pessoas comprometidas em arrecadar propina para o grupo.
Em outra acusação, a PGR acredita que Nogueira recebeu propina no valor de R$ 2 milhões da UTC Engenharia, "com base em promessas de favorecer a empreiteira em obras públicas de responsabilidade do Ministério das Cidades e do Estado do Piauí".
Outro inquérito que envolve o presidente do PP é baseado nas delações de Cláudio Melo Filho e outros ex-diretores do grupo Odebrecht. De acordo com o delatores, Ciro recebeu R$ 1,6 milhão em propina da empreiteira nos anos de 2010 e 2014. Segundo planilhas do departamento de propinas da Odebrecht, Ciro Nogueira aparece como Helicóptero e Cerrado.
Negociações com o PRB
Aliados de Alckmin ficaram mais otimistas nesta quarta-feira. A avaliação é de que o PRB deu sinais claros de que quer deixar o bloco, que, por sua vez, vinha demonstrando intenção de apoiar o pré-candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes. O PRB prefere que o grupo forme coligação com o tucano. Além disso, pessoas próximas de Alckmin avaliam que, de ontem para hoje, a situação com o DEM melhorou.
Durante visita ao Senado, Alckmin também teve reuniões com os tucanos Aécio Neves (MG), Tasso Jereissati (CE) e o líder da bancada tucana no Senado, Paulo Bauer (SC), mas não quis comentar o assunto. Segundo a assessoria de imprensa, o encontro ocorreu "por acaso".