Maior partido do Estado, com cerca de 230 mil filiados, o PP mais uma vez caminha em direção contrária ao rumo indicado pela direção nacional da legenda. Enquanto em Brasília a executiva flerta com a candidatura de Ciro Gomes (PDT) à Presidência da República, o diretório gaúcho está dividido entre quatro postulantes de centro-direita: Álvaro Dias (Pode), Flávio Rocha (PRB), Geraldo Alckmin (PSDB) e Jair Bolsonaro (PSL).
A decisão sobre qual candidato ao Planalto terá o apoio formal será tomada em 4 de agosto, durante a convenção partidária. Presidente da sigla, Celso Bernardi garante que, por enquanto, não há compromisso com nenhum presidenciável, embora a maior parte da base manifeste desejo de votar em Bolsonaro e Álvaro Dias.
Para Bernardi, a prioridade é fechar alianças em torno da candidatura de Luis Carlos Heinze ao governo do Estado. Na semana passada, Heinze obteve o apoio de DEM, PSL e Pros — PSL é o partido de Bolsonaro, e os outros dois estão acertados com o deputado carioca. A coligação dobrou o tempo de TV do PP na propaganda eleitoral, que até então era de um minuto.
— A aliança foi importante, mas não nos compromete com Bolsonaro. Isso ficou bem claro no acerto. Nossa decisão será tomada dia 4 de agosto, e podemos muito bem abrir mais de um palanque no Estado — afirma Bernardi.
As palavras do dirigente têm endereço certo. Na próxima semana, Heinze vai conversar em Brasília com Álvaro Dias, na tentativa de atrair o Podemos. Também há negociações em curso com o presidente do PRB, deputado Carlos Gomes, o que abre possibilidade de apoio a Flávio Rocha.
— Nosso palanque presidencial pode ter dois candidatos. Não vejo problema e não acho que isso vá confundir o meu eleitor. O que não vou fazer é apoiar Alckmin ou Ciro Gomes — define Heinze.
No plano nacional, o presidente do PP, Ciro Nogueira (PI), justifica com pragmatismo o diálogo com Ciro Gomes. Para o senador, divergências ideológicas a parte, uma aproximação agora com o pedetista facilitaria o compartilhamento de cargos em um futuro governo, caso Ciro vença a eleição. Na avaliação de Nogueira, se o vitorioso for Alckmin, o partido naturalmente estará em seu governo.
A ala tucana do PP é a de menor tamanho, mas tem na senadora Ana Amélia Lemos sua integrante mais influente. Ana Amélia não compareceu ao evento no qual foi formalizado o apoio de Pros, DEM e PSL a Heinze, embora tenha mandado um vídeo saudando a aproximação.
A parlamentar já havia colhido uma derrota interna quando trabalhou por uma aliança com Eduardo Leite (PSDB), em detrimento da candidatura de Heinze ao Piratini. A exemplo de 2010 e 2014, quando apoiou respectivamente José Serra (PSDB) e Aécio Neves (PSDB), ela agora gostaria de abrir o palanque do PP para Alckmin.
— Se alguém quiser ficar com Alckmin, pode ficar, mas será minoria dentro do partido — salienta Heinze.
Por determinação de Ciro Nogueira, todas as alianças estaduais do PP terão de ser submetidas à direção nacional. O diretório gaúcho, no entanto, não acredita em represálias. Por via das dúvidas, muitos deputados têm se reunido para pressionar o presidente nacional a liberar as coligações regionais.
— No Piauí, Ciro está se acertando com o PT. Cada um sabe o que melhor para si. E o que quero é ganhar a eleição — resume Heinze.