O deputado federal Luiz Carlos Heinze confirmou o favoritismo e venceu a pré-convenção do PP, disputada neste sábado (24), na Assembleia Legislativa. Agora pré-candidato ao Palácio Piratini na eleição de 2018, Heinze conquistou 1.123 votos, contra 263 do advogado Antônio Weck, nome da preferência da senadora Ana Amélia Lemos. Houve ainda três votos nulos e dois brancos.
Há cinco mandatos na Câmara dos Deputados, Heinze precisará ter o nome referendado no período oficial de convenções partidárias, entre 20 de julho e 5 de agosto. Alguns grupos da sigla, minoritários no contexto geral, vinham manifestando desejo de apoiar o pré-candidato Eduardo Leite (PSDB) ou a tentativa de reeleição de José Ivo Sartori (PMDB).
— Há um compromisso moral de ratificar a indicação na convenção — afirmou Celso Bernardi, presidente do PP gaúcho.
Ligado ao setor do agronegócio e ex-prefeito de São Borja, Heinze pretende abrir uma nova etapa com foco na busca por aliados. Os apoios do DEM e do PROS estão "acertados", destaca Heinze, que mira siglas como PRB, PR, Rede, PSB e, principalmente, o PTB. O desejo do pré-candidato é encorpar a sua chapa com a indicação do ex-chefe de Polícia Ranolfo Vieira Junior (PTB), também pré-candidato ao Piratini, para a vaga de vice.
— Eu e o Ranolfo já conversamos. Queremos fechar essa posição. Vamos falar também com os outros partidos — diz Heinze.
Ele ainda planeja participar de reuniões regionais e elaborar um plano de governo com foco na segurança pública, desenvolvimento econômico e infraestrutura. O pré-candidato revelou que está buscando "cabeças" para elaborar as suas propostas. Na área da segurança, por exemplo, um dos gurus é o coronel Paulo Roberto Mendes, ex-comandante da Brigada Militar e atual presidente do Tribunal de Justiça Militar.
— Vou mostrar o que podemos fazer pelo Rio Grande do Sul. Focar na segurança e na agricultura, que é o meu forte, e no desenvolvimento da nossa logística — afirmou.
Discurso conciliador
Envolvido no passado em polêmicas com siglas e militantes de esquerda, Heinze pregou "cautela" e "paciência" em tempos de radicalização política e enfrentamentos físicos e verbais.
Mesmo fortalecido no partido, o pré-candidato terá de ser habilidoso para contornar divergências internas. Ele já manifestou publicamente sua preferência pela candidatura presidencial de Jair Bolsonaro (PSL-RJ), mas caciques da legenda, como Ana Amélia e Bernardi, querem parceria com candidatos mais moderados. O aliado Onyx Lorenzoni, do DEM, é outra peça no tabuleiro a manifestar simpatia por Bolsonaro.
— Seguramente vamos seguir o que o PP nacional decidir. E a tendência nacional é por uma candidatura de centro, do Alckmin (Geraldo, do PSDB) ou do próprio Rodrigo Maia (DEM). O meu sentimento é de que o Bolsonaro não terá o apoio do PP, ele saiu do partido — destacou Bernardi.
Diante das resistências internas, Heinze não finca pé em favor do presidenciável do PSL, mas apresenta versão conflitante com a de Bernardi quanto à orientação da executiva nacional.
— O que eu já disse ao Bolsonaro e também ao Onyx é que a nossa coligação e as bases vão decidir. Estamos encaminhando para que a direção nacional deixe as regionais mais livres (para escolher quem apoiar na eleição presidencial) — disse o pré-candidato.
Essa questão ainda irá pautar debates na sigla, com hipóteses múltiplas.
— Eu acredito que, agora, não devemos fixar um palanque regional. É possível que a gente tenha mais de um palanque no primeiro turno da eleição presidencial. Eu defendo isso — diz o deputado federal Afonso Hamm (PP), apoiador de Heinze, indicando a possibilidade de o PP manifestar apoio a mais de um candidato ao Palácio do Planalto.
Ana Amélia deve buscar reeleição no Senado
O PP ainda terá de lidar com o fato de ter integrado o governo de José Ivo Sartori e, dias atrás, após mais de três anos de parceria na gestão, ter deixado a base aliada e os cargos de primeiro escalão para apostar em um voo solo.
— Ele (Sartori) é ótima pessoa, mas o governo deixa muito a desejar — critica Heinze.
No partido, não há receio em apontar falhas do atual mandato do PMDB.
— Na essência, não discordamos do governo Sartori, mas temos métodos diferentes. Se criou uma ideia sobre o servidor público, mas tu precisas do servidor, ele tem que ser olhado como solução, e não como problema. Precisa de uma política para o serviço público, inclusive a meritocracia — afirmou Bernardi.
Para chegar unida na eleição, a sigla ainda terá de contornar outra querela. Ana Amélia, derrotada internamente, sofreu desgastes com apoiadores de Heinze. E ambos deverão estar juntos na chapa majoritária do PP: ele concorrendo ao Piratini; ela buscando reeleição ao Senado. Na convenção deste sábado, em discurso, Ana Amélia chegou a negar com veemência a hipótese de deixar o PP, indicativo de que o assunto havia circulado nos bastidores.
— Ana Amélia só tem um caminho. Quem vota é o eleitor, mas quem trabalha é o partido. E ela afirmou que não há um milímetro de chance de trocar de legenda — afirmou Hamm, apostando no engajamento da senadora.
Heinze minimizou:
— Ela disse no seu discurso que o candidato que fosse escolhido hoje seria o candidato dela.