Na sua quinta passagem pela Serra Gaúcha somente neste ano, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão (Republicanos), participou da tradicional RA CIC desta terça-feira (12), em Caxias do Sul. Por cerca de 45 minutos, ele palestrou para um grupo de 300 pessoas ligadas à classe empresarial da cidade. Com o tema "Os desafios do Brasil", Mourão falou sobre as crises geradas pela pandemia da covid-19, guerra cultural e ativismo judicial.
Após a palestra, o presidente da CIC Caxias, Celestino Oscar Loro, entregou a Mourão uma carta do Conselho Executivo da entidade. Segundo o documento, a intenção é registrar alguns itens que "irão impulsionar o desenvolvimento não só desta cidade, mas de nossa região como um todo".
As reivindicações têm foco nos gargalos da região para o escoamento da produção das indústrias. Os empresários pedem apoio para a conclusão da BR-285 e BR-448, continuidade do novo Aeroporto Regional da Serra Gaúcha, apoio à implantação do Porto Meridional em Arroio do Sal, e contribuição na ligação ferroviária do RS com o centro do país.
Ainda nesta terça, na parte da tarde, Mourão visitou as empresas Randon e Marcopolo.
Confira trechos da palestra:
Pandemia da covid-19
"A pandemia gera três crises: biológica, econômica e informacional. No nosso mundo altamente conectado, todos os tipos de informações a respeito da doença passaram a circular e fazer parte do nosso dia a dia [...] A medicina chega e nos dá uma resposta eficiente, a pesquisa e o desenvolvimento trazem as vacinas que são capazes de permitir que, no dia de hoje, estejamos reunidos neste salão. Perdemos amigos e amigas nesse processo, lamentavelmente. Porém, a imensa maioria da nossa população foi salva pelas mãos dos nossos profissionais de saúde".
Guerra cultural
"Partidos que são liberais e conservadores são compostos, normalmente, por executivos e gestores, gente especializada em resolver problemas, e não por combatentes ideológicos. As eleições são decididas com base nas emoções, e não da razão [...] Políticos e militantes de esquerda enxergam a Constituição como um elemento mutável e maleável, um instrumento para chamar de políticas progressistas. A tática é a manufatura de novos direitos."
Ativismo judicial
"Surge, então, o ativismo judicial no qual os juízes interpretam a lei de forma completamente diferente do seu significado original por motivos políticos. Isso causa essa insegurança jurídica que estamos vendo no nosso país. O magistrado não pode ficar se manifestando politicamente, ele se manifesta pelos autos."
Voto impresso
"Tivemos essa discussão muito mal conduzida no ano passado sobre o voto impresso. Não era voto impresso, era a impressão do voto, ou seja, se você vai na urna eletrônica e digita o seu voto, sai o comprovante, coloca na urna do lado. Tem alguma dúvida? Conta o papelzinho. Não há problema nenhum nisso aí. No entanto, vimos magistrados que não têm a responsabilidade de discutir esse assunto tentando interferir junto ao Congresso Nacional em decisão que é única e exclusiva do Congresso."