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Em coletiva dos 100 dias, prefeito de Caxias lamenta suspensão de contrato com escritório para Caso Magnabosco

Adiló negou influência de familiar para escolha e afirmou ser "coincidência" aparecer em foto com advogado do escritório em evento em 2011

Mateus Frazão

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Juliane Ribas / Prefeitura de Caxias/Divulgação
Adiló Didomenico e Paula Ioris apresentaram resultados dos primeiros meses de governo

Na tarde desta sexta-feira (9), Adiló Didomenico realizou coletiva de imprensa para apresentar resultados dos primeiros 100 dias de governo. Dos 45 itens do plano de governo apresentado durante período de campanha, Adiló afirmou ter concluído total ou parcialmente 15 deles.  

— Apesar de todas as dificuldades que a pandemia nos impôs com essa segunda onda, os gastos excessivos que a área da saúde está levando do município, com 94 leitos SUS de UTI em Caxias. Apesar de tudo isso, em muitas coisas o governo andou, o pessoal trabalhou. E no nosso plano de governo, dos 45 itens, 15 itens estão parcialmente ou totalmente contemplados nesses primeiros 100 dias de governo — declarou.

Adiló aproveitou para destacar recentes conquistas como a obtenção do termo de autorização para início do processo licitatório do Aeroporto Regional da Serra Gaúcha, no distrito de Vila Oliva, concedida pela Secretaria Nacional de Aviação Civil (SAC). Além disso, comunicou que recentemente, servidores passaram por capacitação para atuarem na articulação de parcerias público-privadas (PPPs) no município.

— A (empresa) Radar PPP deu treinamento para nossos secretários e habilitou 10 servidores para poderem trabalhar nas parcerias público-privadas. Hoje recebemos selo de cidade prioritária para parcerias público-privadas. Isso coloca Caxias na vitrine para o capital privado, (indicativo) de que Caxias está se habilitando como cidade prioritária das PPPs — revelou Adiló.

Na avaliação final sobre os maiores desafios dos 100 primeiros dias do governo, Adiló citou as perdas causadas pela pandemia e a suspensão da contratação do escritório de advocacia de Brasília para tratar do Caso Magnabosco.

PASSAGEM A R$ 3,50

Com relação à dificuldade em cumprir uma de suas principais promessas de campanha, a de reduzir o valor da passagem de ônibus para R$ 3,50, Adiló disse que ainda não desistiu da meta, mas reiterou que o cenário econômico é dificultador e que não haveria indícios de eventuais aumentos consecutivos de combustível quando ele prometeu a medida ao longo de 2020, quando já havia a pandemia consolidada.

— Sou economista e, lá na época, ninguém previa seis aumentos (de combustível), nem o presidente Jair Bolsonaro, tanto que ele demitiu toda a cúpula da Petrobras, então essa história de que 'se percebia' (instabilidade econômica), não sei de onde foi tirado. Seis aumentos acho que ninguém previa. Não abandonamos a ideia de chegar a R$ 3,50 de jeito nenhum. Só dissemos que, se a Petrobras não mudar a sua política, vai ficar improvável, mas parece que, com a troca de comando, está voltando para uma rotina razoável — afirmou. 

"A história vai fazer justiça"

Antes de abrir a coletiva para perguntas de jornalistas, Adiló desabafou sobre a recente suspensão do contrato do município com o escritório de advocacia de Brasília José Delgado e Ângelo Delgado Advocacia e Consultoria para representar Caxias no Caso Magnabosco. Na ação popular, de autoria do ex-vice-prefeito Ricardo Fabris de Abreu, é contestada a necessidade de contratação do escritório, sob a alegação de que procuradores poderiam exercer a defesa do município no processo.

— A história vai fazer justiça um dia. Fomos de forma maldosa impedidos de exercer a nossa defesa em Brasília. (...) Os nossos procuradores não conseguem sequer com o telefone passar da central telefônica, não conseguem sequer contato com o mais humilde servidor do gabinete do ministro relator do processo. Então quando alguns desinformados, no intuito apenas de causar prejuízo ao município, dizem que os procuradores têm condições de fazer a defesa, os procuradores fizeram tudo que podiam. Venham conversar com procuradores da PGM e entender por que contrataram aquele escritório — defendeu Adiló. 

E questionou:

— Por que a parte que representa a família, que conhece e domina o processo há 40 anos teria contratado um dos escritórios mais conceituados de Brasília se fosse possível fazer a defesa e o acompanhamento de Caxias? E nós tivemos cerceado esse direito. Estamos com as mãos amarradas esperando a sentença que for declinada lá. 

O prefeito ainda ressaltou que apesar de não ser "pouco valor", os R$ 500 mil que seriam pagos para a representação representam "valor pequeno" do total da indenização hoje estimada em cerca de R$ 700 milhões.

— Se alguém tinha objetivo de prejudicar o município de Caxias do Sul pode ter certeza que conseguiu, agora a história vai registrar (...) Machuca ver pessoas que no intuito de nos atingir politicamente estão nos atrapalhando — lamentou o prefeito.


Adiló nega que parente tenha indicado escritório

Adiló também falou sobre a denúncia da peça processual sobre indícios de suposta interferência de um familiar do prefeito que reside em Brasília na escolha do escritório contratado. 

— O fato de meu parente residir em Brasília, não foi através dele, quem indicou, quem me chamou para uma reunião foram os procuradores de carreira. Eu apenas autorizei, o tempo era exíguo, assumi no dia 4 de janeiro, impossível fazer uma licitação para alguém tomar conhecimento de um processo de 2,2 mil laudas. Por que a outra parte contrataria um escritório de tamanha envergadura? E se o José Delgado não tem experiência para atuar no STJ, me digam quem tem experiência. 

O prefeito alegou que o fato de aparecer numa foto em um mesmo evento frequentado por um dos advogados do escritório foi mera coincidência:

— Seria importante que o pessoal tivesse esse cuidado de ouvir o lado dos procuradores e não imputarem apenas a culpa por uma coincidência de uma foto aonde eu fui convidado para ser padrinho de um parente e na mesma foto na época apareceu esse ministro. (...) E isso aconteceu em 2011, eu era o presidente da Codeca, não era nem vereador

DESTAQUES DOS 100 DIAS

Confira as ações destacadas na apresentação de Adiló sobre os primeiros 100 dias de governo AQUI

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