Adiló Didomenico e Paula Ioris (PSDB) iniciam nesta segunda-feira (04) a gestão da prefeitura de Caxias do Sul com amplos desafios pela frente. Com 80% dos leitos de UTI do Sistema Único de Saúde (SUS) lotados, e a perspectiva de agravamento da situação da pandemia de coronavírus após as festas de fim de ano, prefeito e vice demonstram preocupação com o enfrentamento da doença no município.
A nova gestão já renovou os contratos de leitos que venceram em 31 de dezembro — o custo diário das vagas de UTI subiu de R$ 2,7 mil a R$ 2,9 mil, dependendo do hospital no início da pandemia, para R$ 4 mil àqueles criados no fim do ano, com o objetivo de absorver a alta demanda. O aumento se deve principalmente à escassez de mão de obra especializada.
— Nós já perguntamos se teríamos como chamar estudantes de enfermagem e medicina em final de curso. Só que justamente por ter trabalhado em hospital, a gente sabe que profissionais para trabalhar em leitos de UTI não se formam do dia para a noite. Nós estamos diante de uma situação realmente muito difícil. A maior estratégia é a conscientização porque todo trabalho feito até agora, que muitas vezes as pessoas julgam que possa ter começado muito cedo lá em março, era justamente para a gente preparar estrutura, para que a gente não tivesse na nossa cidade pessoas morrendo sem atendimento. Nós estamos torcendo muito para que isso não aconteça. Mas a chance disso vir a acontecer é grande — afirmou Paula, após a posse, na sexta-feira (1º).
Adiló destaca que a situação se agrava ainda mais porque não há previsão de aporte de recursos federais, como aconteceu em 2019.
— O governo federal já está praticamente sem condições de ajudar. E por isso que nós estivemos junto ao governador Eduardo Leite pedindo ajuda, porque nós temos consciência da gravidade do problema. E tudo que nós queremos é que Caxias continue sendo a cidade do mesmo porte com menor índice de letalidade no país. Mas, para isso, nós precisamos do compromisso, do cuidado e da responsabilidade de todos os caxienses — completou.
Apesar do cenário preocupante, o novo prefeito descarta a possibilidade de lockdown, prometendo intensificar a fiscalização das normas, com o objetivo de responsabilizar quem insiste em promover aglomerações, sem penalizar ainda mais as atividades econômicas.
— Eu não defendo o fechamento do comércio, das atividades, como solução. Eu defendo, sim, apertar a fiscalização com aqueles que não se comprometem. Porque o compromisso não é só comigo, eu tenho que me preocupar com o meu semelhante. E as pessoas têm que ter essa consciência. Então nós vamos apertar a fiscalização em cima daqueles que não respeitam, e não prejudicando aqueles que respeitam, que estão colaborando, que já sofreram perdas por restrição da sua atividade econômica, mas que fizeram de tudo para colaborar. Quem tem que ser apertado, e para isso inclusive o governo do Estado colocou a Brigada Militar dando um apoio muito forte, nós temos que combater é a irresponsabilidade e deixar a economia fluir. Senão, cada vez fica pior.