Em uma cerimônia atípica, restrita aos eleitos e autoridades em virtude da pandemia, Adiló Didomenico (PSDB) tornou-se oficialmente prefeito de Caxias do Sul na tarde de sexta-feira (1º). Ao lado da vice, Paula Ioris (PSDB), tomou posse do cargo na Câmara de Vereadores. Na manifestação ao Legislativo, garantiu respeito aos parlamentares e prometeu compartilhar com a Casa as decisões importantes do município.
Em seguida, na prefeitura, Flávio Cassina (PTB) transmitiu a chefia do Executivo ao tucano. Acometido pelas complicações de uma tendinite aguda no glúteo médio, Cassina fez seu discurso sentado, com a ajuda da esposa, Liliana, para segurar o microfone, a quem agradeceu, emocionado pelo apoio "principalmente na última semana, quando meu corpo deus sinais de meu limite físico".
Ao final do discurso do agora ex-prefeito, o ex-vice, Elói Frizzo, quebrou o protocolo, que estabeleceu "soquinhos" de mão fechada como cumprimento oficial da cerimônia. Abraçou Cassina, e foi acompanhado por Paula e Adiló no gesto. Coube a Frizzo informar que a nova gestão deve assumir a prefeitura com R$ 30 milhões em caixa. Em entrevista coletiva, Adiló agradeceu aos antecessores pelo superávit, mas afirmou que a situação das finanças do município é preocupante.
— Desde a administração Guerra nós estamos acompanhando um processo que em economia nós chamamos de boca de jacaré, quando a receita cai e a despesa sobe. E ela subiu por uma série de fatores, porque nós mandamos muitas empresas embora, a crise econômica, a pandemia. Então nós tivemos uma queda brutal de receita. E a saúde exigiu investimentos que não estavam previstos.
Adiló citou como dois principais problemas financeiros da prefeitura o Caso Magnabosco, que envolve uma dívida que pode chegar a R$ 850 milhões, e o Fundo de Aposentadoria e Pensão do Servidor (Faps). Até agora, a contribuição suplementar em Caxias do Sul era de 28% sobre a folha de pagamento e aposentadorias. Em 2021 a alíquota sobe para 42,04%.
— A questão do município não é tão confortável assim. O Faps praticamente inviabiliza o orçamento de Caxias do Sul. O Magnabosco ainda é possível incluir imóveis na negociação, mas o Faps precisa ser dinheiro vivo com orçamento do município — declarou.
Uma das estratégias para contornar a situação foi a criação da nova Secretaria de Parcerias Estratégicas. Mauricio Batista da Silva assumirá a pasta, mas não tomou posse na sexta-feira, junto com os demais secretários, porque testou positivo para o coronavírus no início da semana. Ele foi coordenador do Escritório Geral de Obras de Mobilidade Urbana da prefeitura da Capital na gestão de Nelson Marchezan Júnior.
— A secretaria vem para garantir que os grandes desafios em relação a aeroporto, Maesa, Estação Férrea, iluminação pública, Festa da Uva, andem. Tem a operação andando com muitos e grandes desafios, mas também terá uma secretaria específica olhando para essas parcerias público-privadas como uma forma de nós colocarmos energia, dinheiro, movimentar a economia da cidade — afirmou Paula.
Em relação ao preço da tarifa do transporte coletivo, o novo prefeito afirmou que a administração "vai trabalhar com todo empenho para transformar em R$ 3,50". Atualmente o valor da passagem está em R$ 4,65.
— Talvez não no primeiro momento, mas vamos trabalhar tomando decisões, negociando com a comunidade e também com a Câmara de Vereadores, porque se o transporte coletivo não tiver um preço competitivo, ele não vai se desenvolver. Ele está em franca decadência.