Por meio de indicação do ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM), o ex-vereador e secretário do Esporte e Lazer de Caxias do Sul, Washington Stecanela Cerqueira foi convidado a compor o Governo de Jair Bolsonaro (PSL). A própria identificação com os "valores" defendidos pelo presidente da República foi, segundo o ex-jogador de futebol, fator determinante para aceitar a proposta.
No dia 12 deste mês, Washington foi oficialmente nomeado como secretário nacional de Esporte, Educação, Lazer e Inclusão Social. A secretaria está sob o guarda-chuva da Secretaria Especial do Esporte, que, com a extinção do Ministério do Esporte, passou a ser um departamento do Ministério da Cidadania.
Em meio a toda confusão hierárquica, a ideia de Washington é bastante prática, segundo explica: a atuação será semelhante à que desempenhou na Secretaria do Esporte e Lazer em Caxias.
Washington foi eleito vereador de Caxias em 2012 e, durante a gestão de Alceu Barbosa Velho (PDT), também assumiu a Secretaria do Esporte e Lazer (Smel). Em 2014, concorreu a deputado federal e ficou como suplente. No final de 2018, com a nomeação de Onyx como ministro extraordinário da transição, Washington assumiu por dois meses uma cadeira na Câmara dos Deputados.
Ao Pioneiro, o agora secretário nacional de Esporte, Educação, Lazer e Inclusão Social falou sobre as expectativas frente ao cargo.
Pioneiro: Como surgiu a oportunidade de assumir a secretaria?
Washington: Bom, na verdade começou quando eu entrei como primeiro suplente do Onyx Lorenzoni, no final do ano passado. Já de imediato, pela história que eu tive no futebol e no esporte, eu entrei na Comissão do Esporte da Câmara. É muito difícil entrar e eu já com dois dias entrei como titular da comissão e fiz algumas coisas importantes, presidi duas audiências, e isso chamou a atenção. Aí fui convidado para estar como secretário educacional, de lazer e cultura social do ministério (da Cidadania).
O que a secretaria faz exatamente?
Ela cuida do educacional, do lazer e da inclusão social, mas também é a principal secretaria dentro da nova secretaria especial que se tornou o antigo ministério (do Esporte). Ela também tem todas as questões de emendas parlamentares, de infraestrutura e programas do ministério. Temos programas voltados a esporte e lazer, melhor idade... Mas o mais importante são as emendas parlamentares voltadas à infraestrutura.
Já tem algum projeto engatilhado?
O desafio é muito grande, mas um dos projetos que implantei em Caxias do Sul e chamou muita atenção e devemos implementar aqui é o contraturno escolar. Já estamos em estudo e desenvolvimento desse projeto e vamos apresentar ao ministro Osmar Terra para desenvolver isso em nível nacional. Queremos atingir escolas municipais e estaduais em áreas vulneráveis.
O senhor foi indicação do Onyx Lorenzoni. Qual sua relação com ele e o que motivou para aceitar o convite?
Uma pela minha amizade que eu tenho com o Onyx, outra pelo trabalho que eu fiz perante a Comissão do Esporte na Câmara, outra pela minha história dentro do esporte. E também por conta do governo, com certeza isso me chamou muita atenção. O governo do (presidente Jair) Bolsonaro é um desafio, é claro que tem muito o que acontecer, mas é um governo que, em princípio, vai lutar pela integridade, pela honestidade, que é o que o Brasil está precisando nesse momento. Então, fiquei muito feliz com esse convite e aceitamos de bom coração.
Acredita que a experiência em Caxias contribuiu para a sua indicação?
Foi uma verdadeira escola. Quando eu cheguei aqui, na verdade eu já estava acostumado por ter passado pela situação como secretário aí (em Caxias), é claro que aqui é nível Brasil, desafio muito maior. O momento que eu estive como secretário de Caxias, pra mim, foi uma das melhores gestões que teve no esporte em Caxias do Sul e com certeza me deu um predicado muito importante para assumir em nível Brasil.
O senhor pretende manter direcionamento de políticas para Caxias e região?
Claro, tenho condição de ajudar muito a região da Serra, Caxias do Sul e o Rio Grande do Sul.
Qual foi a repercussão da sua nomeação na comunidade esportiva?
Desde que foi cogitado meu nome, fui muito bem recebido por todos da parte do esporte, porque minha história dentro do futebol fala tudo, não tenho problema, nunca tive na minha carreira. Então acredito que vou dar continuidade àquilo que foi minha história no futebol.
Nas sua opinião, o Ministério do Esporte perdeu representatividade desde que se tornou secretaria?
Perdeu um pouco, sim. Os recursos diminuíram, mas temos de lutar e conseguir novamente os recursos para fomentar o esporte. Esse é o objetivo, o esporte é importante na vida cotidiana da população.
E o senhor abraçou de vez a política?
Eu estava um pouco afastado. Já estava até com outros projetos, aí foi quando me chamaram para assumir como deputado, as coisas deram certo, e foi aí que me atiçou a vontade de continuar na política. (Washington era filiado ao PDT. Semana passada, a presidente do PDT em Caxias do Sul confirmou a desfiliação de Washington, a pedido do ex-jogador. Nos registros da Justiça Eleitoral, ele ainda aparece como filiado ao PDT).
Como avalia sua trajetória em Caxias?
Excelente, como secretário foi excelente. É difícil você dizer, mas era o que as pessoas falaram, que foi uma das melhores gestões do esporte em Caxias do Sul. Aquilo que eu fiz em Caxias, que deu resultado, posso fazer em nível Brasil.