Na tarde desta segunda-feira (30), a Comissão de Segurança Pública e Proteção Social (CSPPS), da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul, promoveu uma audiência pública, que teve duração de duas horas. O encontro buscou debater possíveis soluções para o aumento dos crimes violentos em Caxias. Em 29 dias, a Serra já registrou 29 crimes contra a vida, média de um por dia. Destes, 12 ocorreram na segunda maior cidade do Estado. Nove pessoas foram vítimas de homicídio e três de feminicidio. Ao longo do mês de janeiro de 2022 ocorreram quatro mortes.
O vereador Alexandre Bortoluz, presidente da comissão, fez algumas cobranças, principalmente, relacionadas à falta de investimentos por parte do governo do Estado.
— A gente entende que nas últimas formações dos órgãos de segurança pública não investiu-se o suficiente para a segunda maior cidade do Estado. Então, a gente tem essa preocupação que eles invistam mais em recursos humanos, efetivo, inteligência, estrutura, mais horas extras aos servidores, para que eles consigam desempenhar um trabalho de excelência.
O titular da Delegacia Regional da Serra, delegado Augusto Cavalheiro Neto, foi um dos participantes da audiência. De acordo com ele, em 2022 houve uma redução histórica nos crimes e o ano fechou com 77 assassinatos, o menor em 20 anos. Comparando o mês de janeiro do ano passado e deste, há um aumento considerável de mortes. Porém, na visão dele, ainda está dentro da normalidade. Os crimes tem uma elevação, mas logo estancam.
O major Wagner Carvalho, subcomandante do 12º Batalhão de Polícia Militar, também salientou que os crimes tiveram uma alta, mas já foram estancados após ações da polícia. Ele comenta que dos nove homicídios, oito tem de pano de fundo o tráfico de drogas. Por isso, ações de saturação nos locais em que ocorreram os crimes e em que há tráfico de drogas em Caxias estão sendo realizadas. Na visão dele, essas operações já deram resultado, pois o último crime foi registrado no dia 23 de janeiro, com a morte de Daniel da Rosa Rodrigues, 21 anos.
O poder público também foi cobrado pelos vereadores com relação a Guarda Municipal e o cercamento eletrônico. A secretária interina de Segurança Pública, Suely Rech, esclareceu que o cercamento eletrônico é um compromisso da atual gestão. Porém, a burocracia impede que o projeto ande mais rápido. Atualmente, ele está em fase de licitação. O cercamento será uma ferramenta importante, na visão dela, para coibir crimes.
A Guarda Municipal receberá em abril mais 28 agentes. Todos passaram no último concurso realizado pela secretaria, em 2019, e já foram nomeados. A expectativa de Suely é que nos próximos meses seja concluído o curso de formação e que os agentes estejam nas ruas.
O vereador Sandro Fantinel, integrante da Comissão de Segurança Pública, alertou também sobre os bloqueadores de sinais nos presídios. Ele acredita que, como os crimes ocorrem com relação ao tráfico de drogas, os homicídios são demandados de dentro das casas penitenciárias.
Ainda participaram do encontro os demais vereadores e representantes do 4º Batalhão de Choque, Instituto-Geral de Perícias (IGP) e Grupo Mulheres do Brasil.