Crimes marcados pela crueldade e por desfechos inesperados chamaram atenção em 2022. Mas também houve avanços na segurança pública, como redução de homicídios e investimento em tecnologia. Confira os fatos marcantes na área policial na Serra.
A triste e horrível morte de Angélica
Impossível não ficar horrorizado com a morte de Angélica Schena, 28 anos. Com um dos pés preso a um carro (foto acima), a jovem foi arrastada por pouco mais de um quilômetro pelas ruas de Caxias do Sul na noite de 27 de novembro, um domingo. Devido aos ferimentos, morreu a caminho do socorro. O contexto da investigação sobre a barbárie não veio totalmente a público. Sabe-se que o motorista do carro, João Carlos da Rosa, 72 anos, alegou ter ficado assustado com a abordagem de Angélica em uma via do bairro Marechal Floriano. Imaginou, segundo ele, que era um assalto e arrancou o veículo. Também disse não ter percebido a certa altura que o corpo da jovem estava preso no carro. A Polícia Civil e o Ministério Púbilco, no entanto, entenderam que a foi cometida intencionalmente e decidiram responsabilizá-lo por homicídio doloso qualificado por meio cruel. Uma das provas foram imagens de câmeras de segurança, que registraram o carro em alta velocidade. Angélica foi sepultada em Farroupilha, onde nasceu.
Retrocesso de assassinatos em Caxias
Caxias do Sul vai terminar o ano com número menor de assassinatos. Até a última quinta-feira, dia 29 de dezembro, haviam sido confirmadas 77 mortes violentas na cidade — não houve morte em decorrência de assaltos, o chamado latrocínio.
Os números de 2022 ainda são elevados, mas confirmam o retrocesso da violência sob a ótica do recorte anual. Em 2021, foram 102 de vidas perdidas em homicídios, feminicídios e latrocínios. Um dos diferenciais deste ano também envolve a investigação, uma vez que a polícia tem conseguido prender os executores e vincular os crimes aos mandantes.
As histórias tristes, porém, seguiram em alta em Caxias. Foi em maio que a estudante Larissa Mariá Barbosa da Silva, 14 anos, tombou com um tiro que não era para ela. A adolescente ficou no meio de um ataque envolvendo desavenças criminosas na Vila Leon. Outras duas pessoas morreram na mesma investida dos assassinos.
Sem limites para o vandalismo e os furtos
Distantes da solução, furtos e vandalismo provocaram situações extremas e inusitadas. Em 11 de janeiro, por exemplo, um homem foi preso após arrancar um guard-rail da RS-453 para revender como sucata. Nas zonas rurais, só restou às famílias lamentar pelo sumiço de sinos centenários. A lista foi engrossada por dezenas de hidrômetros levados pelos ladrões e pela nova onda de depredação de túmulos. Entre tantos casos, a prisão de um homem que havia colocado fogo num contêiner de lixo, um problema que acarreta grande prejuízo à Codeca, virou algo ser destacado, uma vez que esse tipo de flagrante é incomum.
Mistério com desfecho surpreendente
Foram meses de mistério e intensa investigação, mas a Polícia Civil esclareceu o assassinato do médico Guilherme de Oliveira Lahm, 34 anos, um dos crimes de maior repercussão de 2022 em Caxias. Lahm foi baleado na frente de familiares na noite de 27 de março, no bairro Rio Branco. No início de novembro, a sogra do médico, Iolda Denacir Maciel Borges, 55, e outros três homens foram presos pelo assassinato. Segundo a investigação, Iolda teria contratado os homens para matar Lahm em razão de desavenças familiares.
Onda de violência sacode Farroupilha
O início de 2022 em Farroupilha foi manchado pela violência. Em pouco mais de 60 dias, 13 pessoas perderam a vida em execuções ou confrontos _ número que se igualou ao total de casos registrados em todo o ano anterior. Para conter a onda de assassinatos, a maioria provocada pelo tráfico de drogas, as forças de segurança reagiram. Polícia Civil e Brigada Militar desencadearam operações para identificar mandantes e autores. A sequência de crimes contra a vida em curto espaço de tempo diminuiu. Até a publicação desta reportagem, 26 assassinatos haviam sido registrados em Farroupilha.
Assassino invade UTI de hospital em busca do alvo
Um crime atípico espantou a comunidade de Garibaldi na madrugada de 15 de agosto. Um homem encapuzado invadiu o Hospital São Pedro pelo vão de uma porta, percorreu corredores e atirou contra Rodrigo da Silva, 26 anos, que estava internado na UTI. Em seguida, o autor dos assassinato fugiu. A investigação foi minuciosa. Se amparou em imagens do circuito de segurança cedidas pelo hospital e o trabalho de papiloscopia do Instituto-Geral de Perícias (IGP) para prender e responsabilizar Moisés Pereira da Veiga, 37, pela execução. A causa do homicídio teria relação com desavenças pessoais.
Mortes a marteladas
Entre tantos casos de feminicídios na Serra, a morte de Lidiane Jurema dos Santos Pinto Carvalho, 42 anos, chamou atenção. A vítima foi assassinada a golpes de martelo pelo companheiro, um homem de 40 anos, no dia 22 de novembro, em Gramado. Depois do assassinato o homem jogou o corpo em um barranco, e cavou uma cova onde enterrou Lidiane. Três dias depois, o mesmo homem, que cumpria pena usando tornozeleira eletrônica, usou o mesmo martelo para matar o vizinho José Noeli Fogassa da Silva, 76. O assassino admitiu que planejava matar uma terceira pessoa. Além dele, uma mulher de 61 anos foi presa por ter ajudado a encobrir o feminicídio de Lidiane.
Guardas municipais com câmeras
Uma inovação chegou à Guarda Municipal de Caxias do Sul. Desde outubro, os integrantes da corporação usam câmeras fixadas no uniforme. São 40 equipamentos distribuídos entre as equipes de diferentes turnos. O objetivo é dar transparência ao trabalho dos agentes. A tecnologia também foi adotada pela Guarda Civil Municipal e o Departamento de Trânsito de Bento Gonçalves.