Uma menina de oito anos pediu ajuda em uma escola de Caxias do Sul após ter sido estuprada pelo próprio pai. O abuso foi descoberto no final da manhã de quarta-feira (9), quando a estudante começou a chorar e dizer que não queria voltar para casa. O Conselho Tutelar e a Polícia Civil foram acionados. O suspeito não havia sido preso até a publicação desta reportagem.
O estupro teria ocorrido na tarde do dia anterior. No relato, a menina contou que dizia não querer a relação, mas o pai a agrediu e continuou. O homem ameaçou a criança e disse que faria novamente no dia seguinte, por isso a estudante não quis deixar a escola. A suspeita é que os abusos aconteciam desde o ano passado.
O Conselho Tutelar foi acionado e, quando a conselheira Marjorie Sasset realizava o atendimento, o pai da menina apareceu na escola. A Brigada Militar (BM) foi acionada, mas o homem fugiu antes da chegada dos policiais.
A situação foi atendida pela Patrulha Escolar da BM. Os policiais militares foram até a residência do suspeito, mas ele não foi encontrado. A conselheira tutelar e a diretora da escola acompanharam a menina até o hospital, onde ela fez exames, perícias e conversou com uma psicóloga do Apoiar.
A mãe da vítima afirmou que não sabia dos abusos, se disse indignada e que não permitiria ao homem se aproximar da menina novamente. A criança tinha dito, no relato inicial, que não havia contado à mãe por medo.
— Em princípio, a criança está bem. O acolhimento institucional acontece em última instância e, neste caso, a mãe está adotando todas as medidas para proteger a filha. Mas, também estamos monitorando — garante Marjorie.
Um inquérito policial foi aberto na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) para investigação.
O Conselho Tutelar salienta que a maioria dos crimes sexuais contra crianças e adolescentes acontecem no ambiente doméstico, com os autores sendo pessoas próximas, como pais, padrasto ou vizinhos.
— A criança é vítima de violência e permanece no mesmo ambiente que este agressor, por isso fica mais difícil verbalizarem, contarem o que aconteceu. As ameaças abalam estas crianças, que não sabem como lidar com a situação — ressalta Marjorie, que destaca a importância da escola:
— Estas questões precisam vir à tona. As crianças precisam saber que podem falar, que serão ouvidas e protegidas. Todos os dias, o Conselho Tutelar atende casos de violência física ou sexual contra as crianças. Apoiamos que as escolas, principalmente, façam palestras e capacitações para que estas crianças possam identificar que esta violência dentro de casa não é normal. É uma que precisa ser trabalhada, algo que sugerimos sempre, para evitar que a violência continue.
Como denunciar
Há diversos meios para denunciar crimes sexuais contra crianças e adolescentes. Confira:
Em Caxias do Sul
:: Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA): atende de segunda a sexta-feira na Rua Marquês do Herval, 1.178, Centro. Telefone - (54) 3214.2014.
:: Conselho Tutelar: o órgão fica na Rua Augusto Pestana, nº 26, bairro São Pelegrino, e atua conforme a região. No caso, para comunidades da região norte da cidade, a responsabilidade é com o Conselho Tutelar Macrorregião Norte (telefone 3227-7150). Comunidades da zona sul podem buscar atendimento no Conselho Tutelar Macrorregião Sul (telefone 3216-5500)
:: Disque 100: o serviço atende 24 horas, recebe, analisa e encaminha denúncias.
:: Brigada Militar: a corporação também pode ser acionada por meio do telefone 190.