Quatro pessoas foram presas e sete armas de fogo foram apreendidas durante a operação conjunta das forças policiais de Caxias do Sul contra a sequência de homicídios em maio. Foram 15 assassinatos em 18 dias, sendo 12 deles relacionados a uma guerra de facção. Nesta sexta-feira (20), a mobilização policial ocorreu em pontos considerado críticos deste conflito no crime organizado.
No total, foram recolhidos um fuzil calibre 5,56, duas espingardas .12, duas pistolas 9mm e dois revólveres .38. Também foram apreendidos dois coletes balísticos, uma camiseta com logotipo da Polícia Civil, 50 gramas de cocaína e 180 gramas de maconha. As identidades dos quatro presos não foram divulgadas.
A prisão mais expressiva aconteceu na Avenida Antônio Andrighetti, no bairro Vila Ipê. Naquela residência, foram encontradas cinco armas de fogo. Um homem de 25 anos, sem antecedentes criminais, foi preso em flagrante. Segundo o 4º Batalhão de Choque, responsável pela captura, este homem pertence a uma facção criminosa e é suspeito de ter participado dos homicídios nos dias 3, 14 e 16 maio.
Estes crimes, assim como os outros ocorridos em maio, seguem em investigação pela Delegacia de Homicídios. Em conjunto com os policiais militares, os investigadores estiveram em um conhecido ponto de tráfico no bairro Jardelino Ramos, conhecido como Buraco Quente, na tarde de sexta-feira. Foi a disputa pela venda de drogas naquela área que serviu de estopim para esta nova guerra de facções e espalhou esta sequência de mortes por diversos bairros de Caxias do Sul.
A sequência de assassinatos no mês de maio:
:: O primeiro crime foi um duplo homicídio no dia 3 de maio. Gabriel Teles Rosa de Melo e Kauã Souza de Abreu, ambos de 18 anos, foram mortos por criminosos que invadiram uma residência na Rua Glória, no bairro Cruzeiro. As características do crime remetem às execuções praticadas por facções que disputam o tráfico de drogas.
:: Menos de duas horas após as primeiras mortes, Guilherme Pagnonceli da Silva, 18, foi executado com cinco tiros na Rua Amábile Fontana, no bairro Nossa Senhora de Fátima. O ataque aconteceu às 21h30min.
:: Na noite de 4 de maio, criminosos efetuaram diversos disparos de arma de fogo e atearam fogo em uma residência na Rua Rachel Cousseau, bairro Mariani. O corpo de Jeferson Rosa dos Santos, 37, foi encontrado carbonizado.
:: O quinto homicídio deste mês é o único que não é relacionado às facções. Rodrigo Antonio de Bittencourt, 42, foi esfaqueado durante uma briga em via pública no bairro Salgado Filho. Câmeras de monitoramento registraram o tumulto e auxiliam a investigação.
:: A sexta morte aconteceu no domingo, 8 de maio. Égon Vieira da Silva, 29, foi morto com cinco tiros dentro de um Corsa no bairro Jardelino Ramos. A namorada dele, uma mulher de 23 anos, também estava no veículo, mas não foi ferida.
:: Allisson Eduardo de Brito dos Santos, que estava comemorando o aniversário de 28 anos com familiares, foi assassinado com 16 tiros em frente a uma casa de lanches do bairro Vila Ipê, na madrugada do dia 13 de maio. Os criminosos atearam fogo na lancheria, o que destruiu outras casas de madeira próxima. A Polícia Civil definiu este ataque como uma "demonstração de força" de uma facção contra outra.
:: Ainda na noite de sexta-feira (13), aconteceu o oitavo assassinato. Criminosos invadiram um sobrado do bairro Planalto e executaram Daniela da Silva, 20. A jovem não possuía antecedentes criminais, mas, segundo a Polícia Civil, tinha relação com as duas facções que disputam o domínio da cidade —o que aparenta ter motivado a sua morte.
:: O segundo assassinato do mês que não é relacionado à guerra entre facções aconteceu em Galópolis. A Polícia Civil trata como feminicídio seguido de suicídio as mortes de Marivane Geraldina Cavalheiro de Oliveira, 49, e Ari de Oliveira, 55, no último sábado (ele não entra na contagem porque teria tirado a própria vida).
:: Na segunda-feira (16) um casal identificado pela Polícia Civil como Fabiano da Silva, 36 anos, e Dara Natalie Rodrigues de Souza, 24, foi morto a tiros na manhã em um apartamento do loteamento Campos da Serra. Conforme informações da Delegacia de Homicídios, o crime também tem relação com o tráfico.
:: Anderson Gomes, 38 anos e Larissa Mariá Barbosa da Silva, 14, foram mortos em um ataque a tiros. A adolescente era familiar de Cassiano William Barbosa, 27, que, segundo a Polícia Civil, era o alvo dos atiradores que chegaram a uma casa na Rua Rosana Prezi Batisti e efetuaram dezenas de disparos. Já Gomes estava na rua no carro dele com a esposa e o filho, quando teve problemas elétricos e precisou parar o automóvel. Ao perceberem a movimentação dele, os criminosos efetuaram quatro disparos em sua direção. Barbosa foi socorrido após o ataque, mas morreu no dia seguinte.
:: A 15ª morte não tem relação com a guerra do tráfico. Carla Aparecida dos Santos, 42, foi morta a facadas pelo companheiro. O homem foi encontrado desacordado na mesma casa pois, segundo a Polícia Civil, tentou o suicídio. Foi o quarto feminicídio em Caxias do Sul em 2022.