Menos da metade das câmeras utilizadas pela Brigada Militar de Caxias do Sul estão funcionando. Nesta sexta-feira (20), apenas 24 dos 51 equipamentos de monitoramento transmitiam imagens. A dificuldade aconteceu porque as câmeras são antigas, de uma tecnologia defasada e o convênio de manutenção expirou. A troca de todas estas câmeras está prevista no projeto da prefeitura para cercamento eletrônico da cidade, mas a iniciativa esbarra na burocracia.
A defasagem da tecnologia utilizada pelo Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp) é um debate antigo. O sistema foi criado em 2003 e o último investimento ocorreu em 2012. A necessidade de atualização é um consenso e foi apontada como prioridade pela Secretaria Municipal de Segurança Pública.
Em setembro do ano passado, o projeto municipal para o cercamento eletrônico foi apresentado. A estratégia previa a instalação de 80 câmeras nas rodovias e acessos da cidade, além da substituição destas 51 câmeras na área central. Parte destes equipamentos seriam capazes de reconhecer placas de veículos roubados, em convênio com o governo do Estado.
A expectativa era que os equipamentos fossem instalados ainda nesse primeiro semestre de 2022, mas o projeto esbarrou em "questões técnicas e administrativas" necessárias em uma licitação, segundo o secretário municipal Paulo Roberto Rosa da Silva. Enquanto aguarda por esta licitação, a prefeitura tentará manter as câmeras atuais em operação.
— Estão com problemas porque são câmeras de 20 anos. Estão velhas e não vale mais a pena a manutenção. Depende de licitação para o conserto e são câmeras que estão fora do mercado. O melhor é substituir por novas, que é o que faremos. Até lá, faremos o possível para manter estas aí funcionando — declara o secretário.
Sem convênio de manutenção, os reparos são feitos por servidores da prefeitura, com apoio de doações e parcerias. Contudo, não é uma prioridade. Justamente porque a tecnologia defasada limita a utilização das câmeras e suas imagens. Sem efetivo, as forças policiais não conseguem disponibilizar agentes para controlar todos os equipamentos. Por isso, a importância do software capaz de ler e identificar placas de veículos roubados.
— Quero e luto (por este cercamento eletrônico) há anos. Nunca ninguém havia encampado (o projeto). Agora, Caxias aderiu ao programa e fez esse convênio com o Estado. Estamos para resolver. Todos esses pontos (das novas câmeras) foram verificados por todos órgãos de segurança, Brigada Militar, Polícia Civil e Rodoviárias Estadual e Federal, para entendermos quais são os locais ideais. Está tudo mapeado — afirma o secretário Paulo Rosa, que foi delegado regional da Polícia Civil na Serra por duas décadas.
Projeto foi ampliado para 275 câmeras
Sobre o projeto que continua travado na parte burocrática de uma licitação, o secretário de Segurança Pública afirma que a estratégia foi ampliada. Inicialmente, foi divulgado um mapeamento com 151 pontos vigiados: a substituição de 51 equipamentos, mais 100 câmeras novas, sendo 80 delas nos acessos ao redor da cidade. Agora, são anunciadas 275 câmeras.
— Ampliamos o número de câmeras para ter um cercamento de ponta, com tecnologia de primeira linha. O procedimento está feito, agora é ir para a licitação, que ganhará a proposta com menor preço. Não vou dar previsão porque é complexo, tem a burocracia. Mas, está andando e serão 275 pontos com câmeras — garante o secretário Paulo Rosa.
Para operação destes 275 pontos de monitoramento será criado um novo centro integrado para as forças de segurança. Aqui, aconteceu outra mudança no projeto. Inicialmente previsto para a Maesa, a sala de controle ficará em outro espaço.
— Será em outro local, que não vamos divulgar ainda, mas está praticamente fechado. Terá 1,2 mil metros quadrados, com 15 estações de trabalho e um painel com 10 monitores de 55 polegadas. Serão 40 faixas de cercamento eletrônico, que são estes equipamentos que verificam as placas de veículos que são roubados ou têm alguma outra infração. Será tudo interligado em uma sala de controle conjunta — promete o secretário municipal.
Neste novo centro, a intenção é reunir todas as forças de segurança. Além da Brigada Militar e da Guarda Municipal, que já possuem espaço de monitoramento de câmeras separados, a Fiscalização de Trânsito e a Polícia Civil terão espaços.
— É um local que será locado. A negociação está avançada, falta só bater o martelo. Iremos reunir todos os órgãos de segurança pública nesta sala de controle, cada um com sua função e especificação — detalha Rosa.