Partiu dos empresários e lojistas a nova iniciativa para que saia do papel o projeto para melhorar o videomonitoramento e estabelecer um cercamento eletrônico em Caxias do Sul. O sistema atual tem 18 anos, com câmeras ultrapassadas e nenhum software de inteligência, como os capazes de reconhecer placas de veículos roubados, por exemplo. O painel online promovido pelo Sindilojas ocorre nesta terça-feira (11) com lideranças policiais e a Secretaria Municipal de Segurança Pública, contudo, não devem ser apresentadas novidades.
A prefeitura garante que a evolução do videomonitoramento está no plano de governo do prefeito Adiló Didomenico (PSDB) e será feita ainda neste mandato. Entretanto, o projeto segue em fase de elaboração, não tem valores definidos e a implementação só poderá ser tratada no ano que vem. Ao que tudo indica, apenas com a realização de uma parceria público-privada o investimento poderá acontecer.
— Não posso prometer nada, mas está no plano de governo desta gestão. Segurança pública é fundamental, o cercamento é fundamental. Precisamos de algo macro, que represente o tamanho de Caxias e seu valor no Estado. Não gosto de falar de prazo porque não tenho controle sobre atrasos. Mas irá acontecer, isso posso afirmar. É tecnologia, não tem mais volta — afirma o secretário municipal de Segurança Pública, Paulo Roberto Rosa da Silva, que apontou a evolução do cercamento eletrônico como seu principal compromisso ao assumir o cargo.
Além do secretário, o encontro online promovido pelo Sindilojas também anuncia como painelistas o nome à frente do Comando Regional de Polícia Ostensiva da Serra (CRPO Serra), coronel Alexandre Brite da Silva, o delegado regional da Polícia Civil, Cleber dos Santos Lima, e o comandante do 12º Batalhão de Polícia Militar (12º BPM), major Emerson Ubirajara. O debate será mediado pelo empresário Edenilson dos Reis, que é coordenador do Departamento de Segurança da entidade.
— O cercamento eletrônico é importante para a comunidade inteira, não só para Caxias, mas para toda a Serra. É uma pauta positiva, propositiva: tecnologia para ajudar na melhor forma de segurança, que é a prevenção. É um projeto que há boa vontade para fazer há anos, mas não decola. Queremos saber como podemos ajudar — antecipa o empresário.
O projeto municipal é feito em parceria pelas secretarias de Segurança Pública, de Trânsito e de Gestão e Finanças. A intenção é que uma nova sala de monitoramento seja criada na Maesa e reúna todas as forças de segurança, trânsito e a Defesa Civil.
— A ideia é fechar o município com o cercamento eletrônico capaz de identificar os veículos, além de ampliar o monitoramento por câmeras. São ferramentas indispensáveis. Queremos fazer a integração com órgãos estaduais e ter esta central, que também incluiria a mobilidade urbana e locais de risco. Seria tudo centralizado com as ilhas dos órgãos envolvidos. Algo como vemos em Canoas e Porto Alegre — explica o secretário Paulo Rosa.
O cercamento eletrônico também depende de um convênio com o Governo do Estado para o sistema acessar o banco de dados policial e verificar as placas. O principal empecilho continua sendo a questão financeira. Por isso, o painel como os empresários é um importante termômetro para verificar uma possível parceria público-privada.
— Hoje não tenho uma resposta (se os empresários aceitariam). O comércio vem de três anos de crise política e outros dois de pandemia. Quem está conseguindo sobreviver já está tendo um grande sucesso. Nunca dizemos não, sempre analisamos. Se vier esta proposta, iremos analisar internamente e conversar com os empresários. Sabemos que a parceria público-privada é a melhor solução para o nosso país. No passado, já aconteceu para a instalação das primeiras câmeras em Caxias — comenta Reis.
A necessidade de evolução do videomonitoramento também foi tratado em tribuna pelo presidente da Comissão de Segurança Pública da Câmara de Vereadores, vereador Alexandre Bortoluz (PP). Ele anunciou um projeto de lei para criação de um Fundo Municipal de Segurança Pública, que será avaliado pelas comissões legislativas.
— Acompanhei os diferentes governos nos últimos anos e o que se falava é a falta de verba. Nas conversas com o prefeito Adiló, ele diz ter conhecimento e ser um adepto da ideia. A cidade está há tempo nesta batalha, mas agora, as tratativas parecem estar avançadas — diz o vereador, que aponta que outras cidades da região, teoricamente com menos capacidade financeira que Caxias do Sul, mas com sistemas mais modernos para melhorar os índices de segurança.
Sistema é de 2003 e não recebe melhorias desde 2012
O atual sistema de monitoramento eletrônico em Caxias do Sul foi criado em 2003 e conta com 48 câmeras. A operação é toda manual por policiais militares e a central não possui sequer um telão para facilitar a visualização. Além da quantidade de câmeras ser baixa, a qualidade das imagens também é questionada, o que dificulta o reconhecimento de suspeitos.
O último investimento aconteceu em 2012. O monitoramento fica no Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp), que atualmente é gerido apenas pela Brigada Militar. A Guarda Municipal também possui acessos a câmeras que zelam por prédios públicos.