Após 16 anos, o sistema de videomonitoramento ainda não evoluiu em Caxias do Sul. As críticas passam pela falta de estrutura e de servidores. A sala de controle não possui um telão e são apenas dois policiais militares para controlar 48 câmeras. Mas a principal reclamação é sobre o sistema não ter acompanhado o avanço da tecnologia. O passo mais importante seria a instalação de um software capaz de ler placas e automaticamente apontar veículos em situação de roubo ou furto.
Das 48 câmeras em funcionamento, 31 estão na área central da cidade. Ainda assim, essa é a região em que a maioria dos assaltos e furtos acontecem. A explicação seria a dificuldade de identificar placas ou suspeitos.
— Na gravação, não dá para mexer. A câmera gira em uma distância (de imagem pré-estabelecida) e não conseguimos aproximar (sem perder a qualidade) — diz o delegado Vitor Carnaúba, responsável pelo esclarecimento de crimes na área central.
Contudo, a resolução das imagens é elogiada quando acontece o controle ao vivo feito pelos policiais militares no Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp). Em manifestações ou horários conhecidos pela prática dos crimes, por exemplo, os servidores manipulam as câmeras para filmar possíveis suspeitos.
— É importante as pessoas nos informarem uma situação que está ocorrendo, pois conseguimos buscar e aproximar imagens, que são bem nítidas. Os policiais também ficam atentos ao nosso rádio e, havendo uma ocorrência, podemos utilizar a imagem para identificar uma placa, seguir um suspeito ou orientar os PMs — relata o tenente Silvano Castro Pereira, oficial responsável pelo Ciosp.
Porém, é impossível acompanhar todas as tentativas de crimes ao vivo. Assim, o esclarecimento depende das gravações, só que a qualidade da imagem se perde ao tentar uma aproximação (zoom) _ problema que poderia ser resolvido com uma melhoria na tecnologia e na forma de armazenar imagens.
Estação Férrea não tem monitoramento, mas deveria
A utilidade das câmeras talvez possa ser melhor percebida justamente onde não há câmeras. Ponto histórico de tumultos e de crimes variados em razão da grande aglomeração de turmas à noite, a Estação Férrea, em São Pelegrino, não é videomonitorada. O equipamento permitiria verificar abusos e identificar suspeitos antes mesmo de iniciar uma ação policial.
Para entender o problema, basta relembrar fatos recentes. Em dezembro, uma viatura da BM foi danificada pelo arremesso de uma garrafa. Menos de um mês depois, um evento organizado pelas redes sociais terminou em confronto com PMs, que utilizaram bombas de gás para dispersar a multidão. No último dia de Carnaval, mais de 800 pessoas foram para a Estação após os blocos programados, o que ocasionou barulho e tumultos na madrugada. Essas foram situações extremas, mas o que mais incomoda os moradores do bairro São Pelegrino é a rotina de som alto, gritos e sujeira nos finais de semana.
O equipamento que poderia facilitar a atuação policial aguarda a instalação de um poste e a solução de uma questão técnica envolvendo energia elétrica. De acordo com a Brigada Militar, a câmera não está funcionando há mais de um ano e a reativação seria uma solicitação recorrente nas conversas com a prefeitura. A última resposta recebida pelo Ciosp _ ainda na primeira quinzena de junho _ é que o equipamento voltaria a funcionar nos próximos dias.
— Essa câmera, se estivesse funcionando, pegaria 70% de toda a movimentação. Desde o Largo da Estação à Rua Augusto Pestana até a Os Dezoito do Forte. É uma câmera 360º e com boa resolução. Quando acontecessem tumultos, poderíamos monitorar e realizar a identificação pelas imagens — aponta o tenente Silvano.
A recorrente perturbação do sossego na Estação Férrea já foi alvo de inúmeras reuniões entre os órgãos de segurança pública. No ano passado, o estacionamento na Rua Coronel foi proibido numa tentativa de reduzir o abuso do som automotivo. A revitalização da área é uma alternativa (sem prazo) para tentar coibir a baderna. Dentro desse planejamento, estaria a utilização do videomonitoramento.
— Há um projeto para os próximos meses de colocar várias câmeras fixas em diversas ruas. Primeiro, é instalar essa 360º. Posteriormente, um número maior de câmeras fixas para pegar todo o entorno (segundo o informado em reunião com a prefeitura) — complementa o oficial do Ciosp.
Além da Estação Férrea, há outras duas câmeras que não estão em funcionamento. O equipamento na Rota do Sol com o viaduto de acesso ao bairro Santa Fé saiu do ar no início de junho. Já a câmera da rótula em frente ao Estádio Centenário foi retirada no dia 21 de setembro de 2015, medida que era para ser temporária. O equipamento também precisa da instalação de um poste e de ligação de energia.