Para combater a circulação de carros roubados, a prefeitura de Caxias do Sul irá instalar 80 câmeras capazes de identificar placas. Os equipamentos serão distribuídos em ruas, rodovias e estradas do interior de forma que nenhum veículo entre ou saia do município sem ser visto, explica a Secretaria Municipal de Segurança Pública. A expectativa é que o chamado Cercamento Eletrônico comece a operar ainda no primeiro semestre de 2022.
O termo de referência apresenta mais de 120 páginas das especificações que o governo municipal exige para o sistema. O secretário Paulo Roberto Rosa da Silva afirma que o documento foi feito para garantir que o município irá adquirir o que há de melhor no mercado.
— Será tudo de última geração, com qualidade de imagem e inteligência para ajudar as forças policiais. Todas as etapas preveem o que há de melhor em tecnologia e transmissão. Entrou na cidade, será visto. Ao sair, também. A tendência é reduzir ainda mais a criminalidade. A ideia é ter 100% de controle (na movimentação de automóveis) — ressalta o titular da pasta de Segurança Pública.
Além das 80 câmeras que prometem monitorar a circulação de veículos, o projeto prevê ainda 50 equipamentos para substituir o atual monitoramento na área central e mais 20 novas câmeras para novos pontos urbanos. O sistema, em operação pela Brigada Militar, foi iniciado em 2003 e teve o último investimento em 2012, portanto está defasado.
— O que queremos e como queremos. Este termo foi foi feito para ser bem específico e claro, de forma a atrair as empresas certas e com a capacidade necessária. O que queremos é a locação dos equipamentos e está previsto que, se der problema, a empresa terá que ir lá e trocar em um certo número de dias. Esta é uma dificuldade atual, há sempre câmeras fora de funcionamento — aponta o secretário Paulo Rosa.
O termo de referência foi feito pelos servidores da Secretaria de Segurança Pública e, agora, está em uma segunda análise pelo especialista em tecnologia da informação da prefeitura — por isso, a prefeitura não divulga detalhes dos equipamentos que deseja. Após, a documentação será enviada para realização de orçamento e definição de valores para licitação.
— O valor está previamente estimado com a Secretaria de Logística e Finanças, com aval do prefeito Adiló Didomenico. Dependemos dessa burocracia. O próprio prefeito me cobra uma data, mas não tenho como dizer. A ideia é, se tudo der certo, o Cercamento Eletrônico estar em funcionamento no primeiro semestre de 2022 — espera o secretário.
A localização das 80 câmeras que serão instaladas ao redor da cidade e das 70 que monitorarão as vias urbanas não serão divulgadas por questões de segurança.
Central de controle será equipada na Maesa
Para acelerar a execução do Cercamento Eletrônico, a prefeitura decidiu equipar uma central de controle dentro da Maesa, que passa por ajustes no seu plano de ocupação. O projeto prevê a renovação de um espaço e aquisição de equipamentos. O monitoramento será feito por servidores municipais em convênio com BM e Polícia Civil.
É nesta central que poderá ser feito o acompanhamento de movimento para orientar servidores nas ruas e análise de imagens. Por exemplo, após um assassinato, os policiais descobrem as características do carro utilizado. Os investigadores poderão então analisar as imagens e horários para descobrir em que direção os suspeitos fugiram.
— A tecnologia que este sistema oferecerá é muito grande. São muitos recursos para a central. Neste primeiro momento, será na Maesa, dentro deste projeto de requalificação e aumento. Já aceleramos para ser lá. Hoje, já temos o sistema de alarme e as câmeras. Só que o local não é o ideal. Será tudo reformado. Depois, buscaremos um local definitivo sempre considerando que a tecnologia avança e o sistema tende a crescer — afirma o secretário Paulo Rosa.
Conforme o convênio, as imagens também são espelhadas para o Governo do Estado, que padronizou a tecnologia utilizada e compartilha as informações por uma rede de municípios gaúchos. Um carro procurado em Caxias do Sul poderá ser detectado quando entrar em Novo Hamburgo, e vice-versa. Ou seja, a ideia é que, reunindo o esforço de cada prefeitura para instalar câmeras, o Cercamento Eletrônico se torne estadual.
O que é o Cercamento Eletrônico?
Desejo antigo na cidade e já presente em dezenas de municípios gaúchos, o Cercamento Eletrônico é um convênio. As imagens captadas pelas câmeras municipais são analisadas por um software capaz de identificar as placas dos veículos e fazer uma busca nos dados estaduais. Ao reconhecer, automóveis roubados, furtados ou com documentação irregular. O alerta é repassado às forças policiais e de fiscalização que, com as características do infrator, podem realizar as buscas e captura.
O sistema é projetado para segurança pública e não tem relação com fiscalização de trânsito. Ou seja, não aplicará multas. Contudo, suas imagens podem ser requisitadas pela Polícia Civil para esclarecer acidentes ou crimes nas rodovias.
O Cercamento Eletrônico é exaltado como uma importante ferramenta para a redução da criminalidade com base na velha máxima que "o crime anda sobre rodas". A droga vendida nas ruas chega pelas rodovias, membros de facção que planejam um assassinato utilizam veículos roubados e os próprios ladrões de carro utilizam automóveis de crimes para cometer novos crimes.
Portanto, detectar e combater a movimentação destes veículos furtados ou roubados, seria capaz de prevenir a maioria dos crimes que mais assustam a comunidade.