Maior comunicação com os policiais, uma nova patrulha rural e combate aos abigeatos. Estes foram os três pontos combinados entre as forças policiais e os moradores da zona rural de Caxias do Sul, em um encontro promovido pela Câmara de Vereadores na última quinta-feira (29). Também foi criado um grupo para reunir as lideranças locais, Brigada Militar (BM) e Polícia Civil.
Ao contrário de outros períodos, este grupo no aplicativo WhatsApp não será aberto a toda a comunidade. A intenção em restringir o número de participantes é para que não se perca o foco.
— É um grupo restrito, para troca de informações de crimes. A porta de entrada (da comunidade chamar a BM) permanece o 190, por onde há o controle para enviar as viaturas mais rapidamente. Este grupo será praticamente um disque-denúncia. Os subprefeitos e estas lideranças conhecem todos os moradores e sabem tudo o que acontece em suas localidades — aponta o major Wagner Carvalho, subcomandante do 12º Batalhão de Polícia Militar (12º BPM).
A reunião foi convocada pela Comissão de Segurança Pública para oportunizar o debate com os moradores do interior de Caxias, que por vezes se sentem esquecidos. O presidente do grupo parlamentar, vereador Alexandre Bortoluz (PP), afirmou que a iniciativa busca facilitar as ações de segurança pública e incentivar o trabalho comunitário.
O 12º BPM aproveitou o encontro para apresentar a segunda Patrulha Comunitária Rural, que já atua desde o início do mês. Desta forma, o major Carvalho garante que há policiamento todos os dias no interior. Estas equipes são responsáveis pelo atendimento de todas as ocorrências na zona rural e também fazem visitações e rotas preventivas, para que os moradores vejam que a Brigada está presente e se sintam mais seguros.
— Considerando a grande extensão do território do interior, colocamos estas duas patrulhamos. Dividimos o interior em duas metades. Uma dupla (de PMs) fica para o lado de Fazenda Souza e Santa Lúcia do Piaí até Galópolis. A outra dupla fica responsável pelas comunidades entre Forqueta, Apanhador e Ana Rech. Queremos estabelecer uma linha de confiança para otimizar as ações — explica o capitão Everton Korte, que chegou a Caxias do Sul em maio e aproveitou o encontro para conhecer mais do interior da cidade.
O major Carvalho ressalta que há interesse do 12º BPM em ter mais policiais no interior. O problema é a falta de efetivo. Atualmente, o batalhão está com um déficit de 44% em sua tropa.
— Precisamos distribuir entre todas as demandas. Se colocarmos mais no interior, irá faltar de onde foi tirado. Estamos nos virando com o que temos — afirma o subcomandante do 12º BPM.
A Polícia Civil quer aproveitar o novo canal de comunicação para receber informações de forma mais ágil. As equipes devem ampliar o foco no abigeato, que é o furto de animais que historicamente incomoda os pecuaristas por toda a Serra. As investigações cabem a 2ª e 3ª Delegacia de Polícia, dependendo da região em que acontecem.
— Como trabalhamos na parte investigativa, precisamos que a comunidade e as subprefeituras nos abasteçam de informações. Precisamos saber quem comete este ou aquele crime, seja em qual localidade acontecer. Trabalhamos com informações e quem nos traz estas informações são essas pessoas que moram no local, pois são os que sabem o que está acontecendo — reforça o delegado regional Cleber dos Santos Lima.
Segundo dados da BM, Caxias do Sul registrou 23 casos de abigeato nestes primeiros sete meses de 2021. Entretanto, há o receio que existam mais crimes que não foram informados à polícia. A orientação, reforçada durante a reunião, é que os moradores façam o boletim de ocorrência de todos os crimes, pois estes registros são utilizados em investigações para definir prioridades, comparar ações criminosas e também a distribuir o efetivo policial.
Na parte das demandas repassadas à polícia, o vereador Sandro Fantinel (Patriota), que é morador de Fazenda Souza, sugeriu que os patrulhamentos dos finais de semana acontecessem à noite pois, segundo ele, são os horários de festas clandestinas e do furto de animais. Reforçou o pedido por um canal de emergência, junto à polícia.
O interior também sonha com a instalação do cercamento eletrônico, que poderia controlar o acesso de veículos suspeitos nas localidades. O investimento é uma promessa do prefeito Adiló Didomenico (PSDB) para a cidade, mas ainda não há recursos e nem prazo para acontecer