Após a morte do agente da Susepe Clóvis Antônio Roman, 54 anos, durante o resgate de um preso na Upa Zona Norte, a prefeitura de Caxias reuniu autoridades de segurança pública para reformular o modo como os detentos da cidade são encaminhados aos atendimentos de saúde. Um encontro na próxima sexta-feira (25), às 10h30min, irá definir os detalhes sobre uma futura capacitação. A reunião será nas dependências da Penitenciária Estadual de Caxias do Sul, no distrito do Apanhador.
Na madrugada de 7 de junho, o detento Guilherme Fernando Mendonça Huff, 29 anos, fingiu que passava por uma crise renal. Após chegar escoltado na UPA Zona Norte, houve tiroteio entre agentes e comparsas que foram ao local para resgatá-lo. Huff atirou com a arma de um servidor da Susepe em Roman, que morreu no local. O criminoso foi encontrado morto pela polícia dois dias depois em um apartamento de Porto Alegre. Um agente que foi baleado teve alta hospitalar na última semana, conforme o delegado de Homicídios, Caio Fernandes.
A ideia da prefeitura de Caxias é que os servidores que atuam nas ambulâncias do Samu possam ensinar práticas básicas aos agentes da Susepe. Segundo o diretor de Rede de Urgência e Emergência da secretaria municipal da saúde, Fabio Baldisserotto, é necessário entender a realidade dos agentes para que o conhecimento seja repassado adequadamente. A capacitação não será extremamente técnica, segundo ele, para não ferir as normas do conselho de enfermagem.
— Precisamos conhecer o funcionamento real para conseguirmos realmente ajudar. Para nós é novo e não temos uma aula pronta, por isso marcamos essa reunião. Existe um núcleo de ensino dentro do Samu que capacita toda a rede de saúde da secretaria. Eles farão esse contato e irão montar da melhor forma — esclarece, sem antecipar mais detalhes.
A Penitenciária do Apanhador, distante cerca de 35 quilômetros da UPA Zona Norte de Caxias, tem unidade básica de saúde (UBS), mas que funciona em horário comercial. Atualmente, não há médico em atuação no local.
— É uma unidade difícil de se conseguir servidor e médico que aceitem trabalhar lá. É bastante complicado. Hoje temos enfermeiro e técnico de enfermagem no local e um médico contratado para assumir em breve — afirma Baldisserotto.
Telemedicina na prática
Uma das alternativas às escoltas seria a implantação do serviço de telemedicina nos presídios. O secretário da Administração Penitenciária (Seapen), Mauro Hauschild, já afirmou que o governo do Estado está em processo de contratação para esse tipo de operação. No entanto, de acordo com Baldisserotto, a ideia não é tão simples:
— Pela nossa experiência não é só pegar uma câmera de celular e repassar informações porque quem passa tem que ser um profissional de saúde. Isso teria que ser previsto. Não adianta ter equipamento na mão de um agente, sendo que ele não tem como ter informações fiéis ou coletar dados de sintomas para alimentar essa videoconferência.
O delegado penitenciário da 7ª Delegacia Penitenciária, Marcos Ariovaldo Spenst, afirma que a capacitação poderá atingir também o Presídio Regional de Caxias do Sul, a Pics. Atualmente, 100 servidores da Susepe trabalham entre as duas penitenciárias.
— O problema é noite e madrugada, horários que não temos apoio. Durante o dia há unidades para atendimento (nas duas casas prisionais) — diz.