ATUALIZAÇÃO: a caminhada foi transferida para domingo (17), às 15h, em razão da chuva.
Familiares e amigos da dançarina Dhiuliane Damiani Martins, 32 anos, assassinada com quatro tiros em Caxias do Sul, organizam uma manifestação para a tarde de domingo (17). Para que a morte dela não seja esquecida, o grupo fará uma caminhada a partir das 15h. Eles vão sair da praça Dante Alighieri e seguir até a esquina da Visconde de Pelotas com a Sinimbu, na área central, onde aconteceu o crime. Na sequência, vão passar em frente à Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) e retornam para a praça.
Dhu, como era chamada, foi morta com quatro tiros no dia 29 de dezembro, quando saiu do apartamento onde morava, na área central, e foi surpreendida por um adolescente de 15 anos. O autor do crime foi apreendido em flagrante e confessou a autoria. Em seu primeiro depoimento, ele afirmou que matou a dançarina por vingança porque ela teria lhe dado um tapa no rosto. A investigação sofreu reviravolta no dia 7 de janeiro em novo depoimento do adolescente. Desta vez, ele relatou que o assassinato foi encomendado. Um suspeito de mandar matar Dhu está preso temporariamente desde o dia 8 deste mês.
A identidade do jovem que matou Dhu não é divulgada em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). O jovem está recolhido no Centro de Atendimento Socioeducativo (Case). Como o autor que confessou o crime é menor de idade, os familiares cobram que as leis sejam mais rígidas:
— É uma maneira de chamar a atenção para buscar justiça. Sei que a polícia está se empenhando em descobrir porque fizeram isso com a minha filha, mas o assassinato dela não pode cair no esquecimento. A delegada está bem empenhada em resolver o crime, mas precisamos chamar a atenção da comunidade para que mudem as leis — desabafa o pai de Dhu, o chapeador Deomar Silveira Rodrigues, 60.
Ele conta que não consegue sequer sentir raiva de quem está envolvido na morte da filha dele:
— Eu nem estou conseguindo sentir ódio ou raiva. Eu não quero e não desejo esse sofrimento para ninguém mais. A dor que sentimos quando ela foi arrancada de nós é tão violenta, ainda sinto tanta dor que vai demorar muito para passar. Se é que um dia vamos nos curar — emociona-se o pai.
O chapeador tem levado os dias tentando se fortalecer pelos netos que a filha deixou, uma menina de 10 e um adolescente de 13.
— O assassino da minha filha é menor de idade e daqui há pouco completa 18 anos e talvez faça outra vez. Se já não fez. Não podemos deixar assim. Só nos damos conta de algumas coisas quando acontece com a gente, quando a dor nos atinge. Não quero ver outra família sofrendo. Estamos agarrados em Deus, mas nos sentimos perdidos, um sentimento muito ruim, o que tem mais sentido é lutar por justiça.
Investigação prossegue sigilosa
A DPCA segue as investigações para esclarecer o crime e a participação efetiva do suposto mandante no caso e o envolvimento de demais suspeitos. O homem que continua preso mantinha relação próxima com a vítima. Outros dois homens que eram colaboradores na empresa do suposto mandante também foram detidos. Eles prestaram depoimento e foram liberados no dia 8 devido à falta de elementos suficientes para a solicitação de prisão. Um quatro envolvido fugiu ao ver a movimentação de policiais no dia da prisão do suposto mandante. Ele é foragido da Justiça por participação em outro crime.
A delegada responsável pelo caso, Thalita Andrich, não divulga detalhes para não comprometer as investigações.
— Um dos suspeitos ainda está preso e seguimos analisando os elementos que conseguimos obter com o cumprimento dos mandados de busca e apreensão, o que demanda um trabalho técnico e minucioso pra que possamos finalizar as investigações com a conclusão sobre a extensão da participação de todos os suspeitos.