Dhiuliane Damiani Martins, 32 anos, costumava chamar a atenção por ser alguém que levava alegria por todos os lados. Dhu, como era chamada pelos mais próximos, contagiava com seu sorriso cativante onde quer que fosse e era conhecida por ser alegre e autêntica. Essas qualidades estão nas palavras de todos que conviviam com ela e que a reportagem teve acesso.
A vítima foi morta a tiros praticamente na porta de casa. Um adolescente de 15 anos disparou contra ela pelo menos quatro vezes por volta das 16h desta terça-feira (29), na esquina das ruas Sinimbu e Visconde de Pelotas, em Caxias do Sul.
Conforme relatos de familiares e amigos, ela morava em um prédio ao lado da agência dos Correios, o que sinaliza que ela estava chegando — ou havia recém saído de casa —, quando foi alvo dos tiros. Dhiuliane morava no apartamento com os filhos Andrigo, 13 anos, e Lavínia, 10. Estava separada há sete anos de Diego Souza, 33 . Os filhos estavam com ele no momento da tragédia.
— Eu estava com as crianças há uns 10 dias, mas na terça-feira fomos a Capão da Canoa. No mesmo dia, recebi a informação e voltamos às pressas. Só contei pra eles quando chegamos (em Caxias) — diz Souza.
Dhu era dançarina de funk, mas estava sem trabalhar na função desde que a pandemia começou. Conhecia muitas pessoas de diversas regiões do Brasil e de outros países. Tinha cerca de 7,7 mil seguidores na sua conta do Instagram. Era natural de Caxias do Sul e ficou uma temporada em São Paulo por conta do envolvimento com a dança.
O jeito extrovertido e fácil para fazer amizades é tido como uma possibilidade para ter atraído alguém que "não fosse bem intencionado", segundo a ex-namorada da vítima, Ketlin Rodrigues de Carvalho, 26. Ela viu Dhiuliane pela última vez na véspera de Natal.
— Fui para o Centro no dia 24 e ouvi ela me chamando. Nos encontramos e ela foi me ajudar a comprar um presente de Natal. Ela era sempre assim, sorridente, ajudava todo mundo. Ela conhecia muita gente e fazia amizade sem pensar. Eu imagino que ela possa ter atraído uma situação relacionada a ciúmes (sobre o crime) — conta Ketlin, ao mostrar as tatuagens feitas com os nomes dos filhos de Dhiuliane nos dois braços.
A vítima tinha um perfil de personalidade pacífica segundo a amiga, Geci Rech, 43.
— Era alegre, autêntica, feliz, brincava bastante. Podiam ofender ela que não fazia nada, nem respondia. A maior preocupação era com os filhos. A tristeza não tinha vez com ela — lembra.
Dhiuliane ia com frequência ao salão de beleza de Geci. Segundo a amiga, ela tinha uma relação ótima com o ex-marido e a atual namorada dele.
— Até jantavam juntos. Ela gostava de ir no meu salão porque é bem familiar, se sentia em casa — cita.
Segundo uma das melhores amigas de Dhu, Marta Oliveira, 36, a dançarina nunca havia falado em sofrer ameaças ou algo do tipo.
— Não tínhamos segredo e nunca me falou de ameaças. Também não estava namorando, nada oficialmente. Ela queria fazer um curso de cabeleireira no ano que vem —conta Marta.
A morte de Dhiuliane é investigada pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente de Caxias do Sul. O atirador, de 15 anos, foi apreendido minutos após o crime por um policial que passava no local. Segundo a delegada titular, Thalita Andrich, o jovem alegou vingança como motivação para ter cometido o crime, mas a veracidade dos fatos ainda é investigada. O velório ocorre no Memorial das Capelas São José e o sepultamento ocorre às 16h30min desta quarta (30) no Cemitério São Luiz da 6ª Légua.