
Pelo quinto ano consecutivo, Bento Gonçalves deverá estabelecer um novo recorde de mortes por violência. A execução de Ivomar Alexandre Alves, 35 anos, na noite de terça-feira, foi a 34ª morte registrada em 2018, número que se iguala com todo o ano de 2017. Para responder a esta criminalidade e devolver a sensação de segurança, a Brigada Militar (BM) enviou reforço: 20 policiais militares do 1º Batalhão de Operações Especiais (BOE) de Porto Alegre atuarão nos cinco bairros com maiores índices de movimentação criminosa.
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O motivo do aumento dos homicídios é conhecido: o avanço das facções na Serra e a disputa por territórios para a venda de drogas. De acordo com a BM, 68% das vítimas possuía antecedentes criminais. Para o capitão Diego Caetano, se for considerado o envolvimento com drogas de vítima ou autor, este índice subiria para mais de 90% dos casos.
— Faz tempo que a BM relata a movimentação desta franquia de facção. Há, sim, uma grande relação com homicídios e outras tentativas (em que as vítimas sobreviveram). Os traficantes (que já existiam em Bento), para se defenderem, estão se unindo a outras facções. O aumento de mortes vem da disputa de poder entre estas organizações que querem coordenar os pontos de tráfico — explica o comandante da 1ª Companhia do 3º Batalhão de Policiamento em Áreas Turísticas (3º BPAT).
— Temos o mapeamento e levantamento dos locais e horários onde ocorrem estes homicídios. Este pelotão vem com esta experiência de atuar em bairros com conflito de facções na Região Metropolitana. Eles serão uma aplicação cirúrgica — afirma o coronel Ricardo Cardoso, do Comando Regional de Policiamento Ostensivo (CRPO) da Serra.
A BM afirma que o reforço não tem data para terminar e que os policiais atuarão enquanto houver necessidade. Neste período, os 20 PMs também devem realizar operações pontuais em outras cidades da região, como Farroupilha e Caxias do Sul. Apesar da coincidência com o recorde de morte em Bento Gonçalves, o comandante do CRPO Serra afirma que o reforço já era planejado há meses:
— É semelhante ao que ocorreu em Caxias (no início de agosto) e, naquela época, ficou combinado. Queremos periodicamente trazer este reforço, com um número de policiais especializado e helicóptero de apoio, para desempenhar esta atuação qualificada — comenta o coronel Cardoso.