Muitos insetos, forte odor de esgoto e dificuldades de deslocamento. Essas são as principais queixas de quem possui negócio ou frequenta a região entre as ruas Heitor Mazzini e Silva Jardim, no Centro de Garibaldi. Há cinco meses, a galeria que canalizava o arroio Marrecão e conectava as vias se rompeu, formando um grande buraco.
O caso aconteceu em novembro do ano passado, quando um forte temporal atingiu não apenas a cidade, mas toda a região. No episódio, o volume de chuva elevou o nível do arroio. A força da água danificou a estrutura, formando uma grande fissura. Desde então o acesso foi interditado e entulhos levados pela força da água foram retirados pela prefeitura. Contudo, ainda não há previsão de quando os reparos necessários serão realizados.
Menos clientes, mais gastos com dedetização: a conta é feita por Felipe Locatelli, 33 anos. O proprietário do mercado localizado ao lado do buraco afirma que os últimos cinco meses foram desafiadores.
- No começo fomos compreensivos. Nós utilizamos essa situação para criar ações nas redes sociais, mas, inevitavelmente, fomos afetados pelo problema. Muitos clientes que vinham até o mercado todas as semanas optaram por evitar o lugar – detalha.
Conforme o empresário, a presença de baratas se tornou constante. Para impedir que os insetos entrem no comércio de alimentos, mais investimentos na aplicação de inseticidas têm sido feitos. Além disso, o odor que exala do arroio se dispersa pelo mercado. Para atenuar a situação, um tapume com flores foi instalado nesta semana.
Locatelli conta que, em novembro, ele mesmo registrou um protocolo na prefeitura para que as obras de recuperação fossem realizadas. Contudo, a falta de perspectiva tem desanimado o empreendedor, bem como moradores das proximidades.
- Jamais imaginei que teria que acordar de manhã e pensar em como chamar a atenção (da prefeitura) para um problema como esse. Nunca pensei que chegaria nesse ponto – desabafa.
A 100 metros dali, uma escola de contraturno escolar também enfrenta dificuldades. Uma professora de 42 anos, que não quis se identificar, alega que a conexão das vias interditadas era o principal acesso ao espaço.
- Agora os carros dos pais e as vans estão tendo que dar a volta pela Rua Luís Rogério Casacurta. O problema é que, para vir até a escola, eles precisam descer um morro muito inclinado. Essa rua não tem boa visibilidade. A gente tem muito medo de que um acidente aconteça. Nosso público são crianças que têm de 4 a 12 anos – relata.
O que diz a prefeitura
Em nota, a prefeitura de Garibaldi declarou que já realizou uma licitação para adquirir novas galerias, material necessário para o conserto da canalização do arroio. Ainda, a administração indicou que, em março, abriu um processo de dispensa de licitação para contratação de uma empresa que executasse a obra. Contudo, o mesmo foi revogado devido à inclusão de outros serviços e adequações no projeto.
Na segunda-feira (8) foi publicado no portal da transparência um segundo processo de dispensa de licitação. O documento trata da contratação emergencial de uma empresa para executar uma galeria pré-moldada e reforma do trecho. A empresa vencedora deverá ser anunciada na sexta (12).
Conforme a prefeitura, serão necessários R$500 mil para executar o projeto. O município recebeu R$400 mil da Defesa Civil Estadual para financiar consertos causados pelo temporal. Questionada, a assessoria de comunicação não soube precisar quanto dessa verba será utilizada para consertar a cratera entre a Heitor Mazzini e Silva Jardim.
Confira a nota na íntegra:
A Secretaria de Obras informa que o processo de contratação da empresa responsável pela obra do pontilhão localizado na Rua Silva Jardim, próximo ao mercado São Lucas, no bairro Centro, está em fase final.
Diante dos eventos climáticos adversos, o Município decretou Estado de Emergência (Decreto n° 4.861, de 22 de novembro de 2023), o qual foi homologado pelo Estado do Rio Grande do Sul (Decreto Estadual 57.345 de 05 de dezembro de 2023) e teve seu reconhecimento pela União através da Portaria 461, de 06 de fevereiro de 2024, emitida pelo Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional. O decreto, com validade de 180 dias, ainda segue em vigência.
Ressalta-se que a Administração Municipal cumpriu todos os trâmites e prazos necessários para a aquisição de materiais e contratação da empresa responsável. Primeiramente, foi realizada uma licitação para aquisição das novas galerias, necessárias para a correção dos danos no sistema estrutural.
Em março, a Prefeitura abriu um primeiro processo de dispensa de licitação para contratação da empresa, que foi revogado devido à necessidade de inclusão de novos serviços e adequações no projeto conforme nova orientação do departamento de engenharia. Um novo processo foi aberto e no final da tarde de hoje termina o prazo de três dias úteis para apresentação de empresas interessadas em executar o serviço.
O Município buscou apoio do Governo e após um levantamento da Defesa Civil Estadual, Garibaldi foi contemplada com um recurso de R$400 mil para ser utilizado na reversão dos estragos causados pela enchente. O valor estipulado de investimento na obra da Heitor Mazzini é de aproximadamente R$ 500 mil.