As expectativas positivas para as safras de milho e soja neste começo de 2025 dão um tom otimista às projeções para o ano que começa nesta quarta-feira (1º).
Faz sentido: Passo Fundo é um mesopolo regional agropecuário, o que significa que depende da demanda regional baseada na produção agropecuária para movimentar os setores de comércio, atacado, varejo e serviços. Juntas, essas atividades têm 82% do valor agregado total.
Junte isso ao movimento de saída das regiões metropolitanas e a consequente atração para cidades médias, como Passo Fundo, e encontre um panorama positivo para a cidade quando comparado a outros municípios gaúchos.
— A expectativa é positiva, sobretudo porque estão vindo recursos em diferentes áreas, incluindo infraestrutura — disse Cleide Moretto, professora de Economia da Universidade de Passo Fundo (UPF).
— Um aporte importante também no setor secundário (industrial), que é crucial. Passo Fundo tem potencial de atração de recursos mesmo em períodos de crise, como é o caso da construção civil. No horizonte próximo, o município receberá um forte apoio também no setor de turismo.
Entidades com quem conversei sobre as expectativas para 2025 concordam com o otimismo, mas relatam "pé atrás" por causa do cenário econômico brasileiro e global. Citaram o aumento das taxas de juros como sintomas preocupantes, além do preço global do petróleo e as medidas prometidas por Donald Trump ao assumir a presidência dos EUA, em 20 de janeiro.
O presidente da Acisa, Evandro Silva, entende que este será um ano de muito trabalho, com necessidade de controle de contas e investimentos planejados.
— Mas, apesar de começar com muitas incertezas, estamos convictos de que 2025 pode ser melhor que 2024 — disse.
Essa é uma visão parecida com a da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Passo Fundo. Segundo o presidente Evandro Pereira da Silveira, o ano deve ser desafiador e de crescimento moderado, mas positivo:
— Para o RS existe a previsão de uma boa safra de grãos. Isso certamente vai contribuir no desempenho das vendas nas regiões afetadas.
Tanto o Sindicato Rural quanto o Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) têm otimismo sobre a safra, em especial por causa da alta do dólar.
— Neste ano, esperamos que o produtor possa, depois de dois anos de seca e enchente, ter um bom preço e uma boa produção — disse o presidente do Sindicato Rural, Carlos Fauth.
— Vemos uma boa produtividade, então isso traz otimismo. A nível de Passo Fundo, temos expectativa sobre a construção de uma unidade de processamento de trigo, que pode agregar valor às culturas de inverno — afirmou Marinês Scapini Penz, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR).
O Sindilojas espera um ano melhor para as vendas do comércio, enquanto o Sinduscon, que representa a construção civil, prevê que Passo Fundo se tornará a segunda cidade gaúcha no setor. O município terminou 2024 com 107 obras verticais em andamento.
— Possivelmente seremos a segunda força do mercado imobiliário e da construção civil do RS a partir do ano que vem. Em contraponto, cresceram os juros do mercado e isso afeta os investidores — disse o presidente da entidade, Cristiano Basso.
Por causa do volume de lançamentos de imóveis em 2024, é possível que essas ofertas diminuam neste ano, completou ele.
O movimento colaborativo Comunidade Vértice prevê que este será um ano de tornar mais sólido o fomento da inovação em Passo Fundo. Em 2025, vai organizar a Startup Weekend, a fim de impulsionar a cultura empreendedora na cidade, por exemplo.
— Contamos com uma série de ações que fortalecem esse cenário. Além disso, diversos editais e linhas de fomento estão sendo anunciados nos âmbitos federal, estadual e municipal, e ampliando as oportunidades de financiamento para inovação — disse Luiz Fernando Telles, membro do Núcleo Facilitador.
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