A mudança no calendário de matrículas do Estado, adotado pelas redes estadual e municipal, deve atrasar o ingresso de pelo menos 1,2 de alunos em escolas da rede pública. O prazo para matrículas encerra dia 17 de fevereiro, mas pais que saíram da central sem vaga em nenhum dos seus três colégios de preferência só serão atendidos na semana seguinte, quando as aulas já terão começado. O prazo é necessário porque a central de matrículas precisa concluir os procedimentos para saber onde estarão as vagas remanescentes.
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No ano passado, como as matrículas encerraram em janeiro, o período de férias de muitos pais dificultou a entrega de documentos. Como o prazo para ajustes para quem não tinha se matriculado ocorreu no início de fevereiro e as aulas em 2016 só iniciaram entre 22 e 29 daquele mês, os pais tiveram tempo para garantir as vagas. Neste ano, como as matrículas encerram em 17 de fevereiro, uma sexta-feira, o período de ajustes para quem não conseguiu se matricular começa na segunda-feira seguinte, dia 20, mesmo dia em que serão retomadas as aulas na rede municipal e dois dias antes do início na estadual. O problema é que alguns pais têm horário agendado para ajuste para dia 24 de fevereiro, por exemplo.
– Foi ajeitado de um lado, para o pessoal não perder, e dificultou um pouco de outro. Vai ter vaga para todos, só não sabemos se na escola que querem – assegura Thais Pretto Boss, uma das responsáveis pela central de matrículas na rede estadual em Caxias.
Na rede estadual, o problema se concentra principalmente em relação ao Ensino Médio e nas escolas Imigrante, Técnica e Santa Catarina, que estão entre as mais solicitadas. As apreensões dos pais se concentram em não ter a lista de materiais nem poder providenciar a compra do uniforme.
– Nós orientamos, porque temos vagas em algumas escolas como Cristóvão, Irmão José Otão, e oferecemos essas vagas, mas muitos não querem. Aí precisa aguardar até o final das matrículas – explica.
A situação é semelhante nas escolas municipais, onde a maior problema é em relação ao primeiro ano do Ensino Fundamental e à Educação Infantil.
– Em outros anos o período de matrícula era menor, então conseguíamos ajustar antes das aulas – explica Lídia Tormen, da central de matrículas do município.
Para crianças de quatro e cinco anos, o município planeja parcerias com a rede privada e o Estado, já que a construção de uma escola demora, segundo a assessoria de imprensa, em média 560 dias.
Pais procuram Conselho Tutelar
Os pais que não conseguiram matricular os filhos em nenhuma das três escolas que apontaram como preferência recebem uma senha para voltar à central de matrículas a partir do dia 20 de fevereiro.
Com receio de ficar sem vaga, dezenas de pais têm procurado os conselhos tutelares Norte e Sul desde a semana passada. Foi o que fizeram Luis Carlos Gomes, 39 anos, e Maria Cristiane Malaquias Miranda Gomes, 33, pais de Rafaelli Miranda, seis. A menina vai ingressar no primeiro ano do Fundamental, mas ainda não conseguiu garantia em nenhuma das três escolas pretendidas: Professor Luiz Fernando Mazzochi (Professor Nandi), Professora Leonor Rosa e Alexandre Zattera. O pai diz que saiu da central de matrículas sem outra sugestão de escola. Eles estão muito preocupados porque a vaga na educação infantil já foi conquistada em atraso, após intervenção do Conselho _ a menina começou a estudar apenas em agosto.
– Os coleguinhas já sabiam até ler alguma coisinha quanto ela entrou – conta a mãe.
Até a última segunda-feira, cerca de 25 pais haviam procurado o Conselho Sul e cerca de outros 50 no Conselho Norte.
– A preocupação dos pais é pertinente, a criança é prioridade absoluta – aponta Rosane Curto, conselheira da macro-região Sul.
Pelo menos quatro vizinhos do casal estão com a mesma apreensão, caso da mãe de Alice, seis anos, Jéssica Fantinel:
– Tenho medo de não achar nenhuma vaga, porque não consegui em nenhuma das três que pedi e ainda não disseram nada.
A assessoria de imprensa da prefeitura diz que até o período de ajustes será possível ter uma ideia da demanda de cada região da cidade.