O jovem Mateus José Pereira, 28 anos, assassinado com cerca de 20 tiros na noite de segunda-feira, sofria ameaças de morte desde 2015. Ele foi morto quando voltava de um churrasco. Conforme a Brigada Militar, por volta das 23h30min, o rapaz parou em um semáforo na Travessa São Marcos, no bairro Kayser, e foi alvejado por tripulantes de um Sandero. Ele morreu no local.
Leia mais:
Servidores dizem que presos controlam presídio de Caxias
Policial relata o que vê de cima dos muros da Pics
Detentos da Penitenciária Industrial de Caxias do Sul controlam até o castigo
Logo atrás do veículo conduzido por Mateus estava o carro do pai, o pastor José Flávio Pereira, 53, que desde 1989 desenvolve diversos trabalhos sociais de combate à violência e de prevenção ao tráfico de drogas. Mateus era lutador de jiu-jitsu e, quando tinha algumas horas de folga no trabalho, também ajudava o pai em busca da paz em comunidades carentes da cidade.
– Meu filho morreu nos meus braços, é uma dor sem fim. A gente que faz de tudo para ter uma sociedade mais segura e feliz, não espera que a violência acabe com o que temos de mais precioso, que é a nossa família – desabafa o pai.
De acordo com familiares, Mateus era proprietário de uma empresa de películas para veículos. Em 2015, ele começou a sofrer ameaças de morte após cobrar um homem que se recusava a pagar por serviços prestados. Por duas vezes foi atacado pelo devedor: o primeiro episódio aconteceu em abril do ano passado, quando Mateus conseguiu se defender e esfaqueou o agressor. Por causa disso, Mateus era suspeito de tentativa de homicídio. Meses depois, homens armados alvejaram a residência onde o rapaz vivia com os pais.
– Encontrei cerca de 30 cápsulas no terreno de casa. Também registramos a ocorrência. Meu filho chegou a ir embora de Caxias por medo. Só que quando voltou, dois meses depois, nada tinha mudado – conta o pai.
As ameaças contra Mateus nunca cessaram.
– Nós sempre procuramos fazer o que é certo. Registramos as ocorrências. Agora, não sei o que fazer. De certa forma meu coração está tranquilo pelo trabalho que fazemos e pela educação que passamos ao Mateus, mas um pouco de mim e do que sou morreu com meu filho – lamenta Pereira.
O titular da Delegacia de Homicídios e Desaparecidos (DHD), Rodrigo Duarte, confirma os registros de tentativa de homicídio mas, até o final da manhã desta terça-feira, não tinha subsídios para afirmar que o homicídio esteja diretamente relacionado às ameaças. A polícia ainda não identificou os envolvidos. O assassinato será investigado.
O corpo de Mateus será sepultado na quarta-feira, às 9h, no Cemitério Público Municipal II, no loteamento Rosário. O velório ocorre na igreja localizada em frente ao cemitério.