As notas da edição de 2015 do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), divulgadas nesta terça-feira pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), apontam, mais uma vez, para a distância entre os resultados do ensino público e do privado. Foram reveladas as notas de estudantes de 14.998 escolas, sendo 38 da cidade. O primeiro colégio daqui a aparecer no ranking, o São José, está na 710ª posição nacional, e na 29ª posição no Estado, com média nas provas objetivas de 612,12. A última posição em Caxias é ocupada pela escola estadual Antônio Avelino Boff, com média de 488,07. A primeira escola da avaliação, de São Paulo, tem média de 751,29.
Leia mais
Continuidade das obras no antigo pedágio está prevista para outubro
EGR faz pesquisa sobre implantação de pedágio na Rota do Sol
Saiba como escolas de Caxias querem manter ou melhorar resultados
O desequilíbrio é bem parecido com o do Brasil. Das 100 escolas com maior nota média nas provas objetivas do Enem 2015, 97 são privadas. As outras três que completam o topo do ranking são federais. Em Caxias, os primeiros 11 lugares do Enem são ocupados por instituições particulares. A primeira administrada pelo Estado é a Escola Técnica Caxias do Sul (EETCS), em 12ª na classificação municipal e em 4.183ª na nacional. A situação da cidade também se reflete no país: embora as escolas públicas representem 58,2% do total de instituições na lista divulgada, elas só respondem por 0,3% das 100 escolas com as médias mais altas, e 4,9% das mil escolas com as maiores médias.
– É óbvio que as particulares têm uma estrutura maior, possibilitam a qualificação dos professores e, com isso, são bem avaliadas. As realidades são diferentes. É uma diferença que só se resolve com mais recursos – avalia Janice Moraes, titular da 4ª Coordenadoria Regional de Educação (4ª CRE).
Janice também afirma que o ideal seria que as escolas tivessem um projeto específico de preparação para concursos como o Enem. O conteúdo integrado, quando várias disciplinas são ensinadas juntas, seria uma solução, diz Janice:
– Se o Enem, hoje, é o caminho mais curto para a universidade, deveria ser uma obrigação nossa pensar em uma atividade preparatória específica. Mas isso não é possível ainda, os professores não estão preparados. Estamos mais próximos do ideal do que estávamos, mas ainda bem longe.
Além de ser uma prova para verificar o domínio de competências e habilidades dos estudantes que concluíram o Ensino Médio, o Enem também é uma ferramenta que auxilia a entrada na faculdade ou o financiamento dos estudos. Para aderir ao Fies, as regras que passaram a valer no segundo semestre de 2015 também engrossam a teoria de que é preciso preparação para a prova. Antes, bastava prestar o exame para conseguir o aporte financeiro; agora, é preciso fazer 450 pontos na média e não zerar a redação.
Resultado vem de longa preparação
Jorge de Godoy, vice-diretor do São José, colégio mais bem avaliado na cidade, afirma que não há segredo para uma boa classificação. Porém, acredita que o trabalho realizado desde a educação básica é o caminho.
– O Enem não é o nosso foco principal, é resultado de um processo bem estruturado. Realizamos simulados, falamos sobre a importância do concurso, mas não temos um projeto específico de preparação, por isso ficamos felizes com o resultado. A boa classificação só aumenta o compromisso em continuarmos sendo bons. Ficamos bem colocados entre as escolas da cidade, mas não tão bem na classificação nacional. Vamos motivar mais os estudantes e qualificar mais os professores na busca da excelência – avisa Godoy, vice da escola com 1.950 alunos, sendo que 128 participaram do Enem.
A vice-diretora da EETCS, Kelen Indicatti, também afirma que a escola não tem preparado específico para a prova, mas acredita que o 12° lugar conquistado no ranking de 2015 possa ser melhorado com mais incentivo à leitura entre os estudantes:
– Trabalhamos questões de interpretação, de redação em sala de aula, mas eles precisam ler mais. Essa seria a primeira melhoria a ser feita.