A empresa caxiense Fixer Allience, que desenvolveu um dispositivo para organizar fios de telecomunicação em postes de energia elétrica, pretende oferecer a tecnologia para outros municípios brasileiros. A intenção foi informada na tarde desta quarta-feira (27) em um evento de apresentação de resultados para autoridades, parceiros e imprensa.
A tecnologia foi testada em 18 postes da Rua Os Dezoito do Forte nos últimos meses e a avaliação é de que o produto está apto a entrar no mercado de telecomunicações. Segundo o CEO da Fixer, Fabiano Vergani, já há conversações com municípios gaúchos e de outros Estados. Uma das possibilidades é de que o dispositivo seja oferecido via edital de encomenda tecnológica, que é um instrumento de compra pública de inovação.
O entendimento, também, a partir dos resultados, é de que não há necessidade de ampliar as testagens para mais estruturas. Inicialmente, a proposta previa a implantação do dispositivo em 101 postes do município, em cinco fases de desenvolvimento.
— Há esse interesse de conversarmos com a prefeitura e explicarmos que já alcançamos nosso objetivo. Havendo a aprovação, temos o compromisso com os operadores (de telefonia e internet que aderiram à proposta teste) e vamos entrar numa fase de negociação com eles — ressalta Fabiano.
A testagem da solução foi aprovada pela prefeitura de Caxias do Sul, por meio da Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Inovação. O projeto da Fixer integra o SandBox, que é um ambiente regulatório experimental onde empresas e startups podem testar seus produtos, serviços ou modelos de negócios.
— Não tenho dúvidas de que, apesar dos percalços, esse produto, essa inovação, não é uma necessidade somente para Caxias do Sul. É, no mínimo, para o Estado e o Brasil — ressalta o secretário Jorge Catusso.
O promotor Adrio Gelatti, da Promotoria de Justiça Especializada em Habitação e Urbanismo, acompanhou a proposta desde o início e participou do evento nesta quarta-feira. Ele ressaltou que, além de diminuir os custos aos operadores (que pagam à concessionária de energia elétrica para ocupar os postes), há benefícios para toda a sociedade:
— É a típica operação ganha-ganha. Nós temos, para muito além da questão toda de mercado, a situação urbano-ambiental, que envolve riscos aos motoristas, pedestres, envolve a poluição visual. E quando a gente fala em poluição visual, não é só eu acho feio, não. É qualidade de vida — pontuou.
Dez empresas aderiram à testagem
Durante a testagem, foram identificadas 17 empresas de telefonia e internet nas 18 estruturas selecionadas. Destas, 10 aderiram à plataforma de compartilhamento desenvolvida pela Fixer, três não tiveram compatibilidade técnica com a proposta, outras três não apresentaram interesse e uma está em fase de negociação.
Segundo o engenheiro Guilherme Varaschin Weiand, foram identificados muitos fios inativos que permanecem no poste mesmo sem uso. Estes cabos contribuem, por exemplo, para aumentar a poluição visual.
— Apesar disso, ficamos felizes que conseguimos compactar as redes e tecnicamente funcionou. É um primeiro passo para uma evolução maior — acredita.
Como funciona
- A plataforma, em resumo, fixa um dispositivo no poste que faz o agrupamento de fios de telefonia e internet.
- Cada poste está habilitado para receber até cinco dispositivos, sendo que cada um deles acopla até seis cabos.
- Além de organizar, o dispositivo compacta os fios. Nos testes, observou-se que o espaço ocupado pelos cabos caiu de cem centímetros para 30 centímetros.
- Além de deixar a fiação mais organizada e diminuir a poluição visual, o produto promete diminuir os custos para as empresas fornecedoras deste serviço no Brasil.
- A aposta também é promover benefícios às prefeituras e, na ponta do problema, aos cidadãos que convivem diariamente com os emaranhados de fios nos postes.