O desmoronamento de uma encosta da RS-431 deixou diversas famílias ilhadas nas localidades de Linha Alcântara, Imaculada Conceição e Vale Aurora, no interior de Bento Gonçalves. As comunidades estão localizadas às margens do Rio das Antas. A Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros tentam o resgate por terra, mas a dificuldade de acesso atrasa os salvamentos. Medicamentos já foram levados aos feridos e a operação se concentra no salão comunitário do distrito de Faria Lemos. Conforme o secretário-chefe da Casa Civil, Arthur Lemos, são cerca de 60 pessoas ilhadas.
Donativos estão sendo arrecadados e ainda não há uma estimativa de quantas pessoas estariam ilhadas. Há relatos de feridos no Vale Aurora, que liga Faria Lemos ao Vale dos Vinhedos. O acesso aos moradores está sendo feito por trilhas no meio da mata.
Em Linha Alcântara, cem pessoas conseguiram se abrigar no salão da comunidade. No entanto, não conseguem sair de lá por conta dos bloqueios na rodovia. O prefeito de Bento Gonçalves, Diogo Siqueira, está reunido com a Defesa Civil do Estado e estuda de que forma irá realizar os resgates por conta da complexidade do terreno que invadiu os acessos.
— Temos uma enchente na beira do rio e todas as barreiras que estão caindo nessa localidade. Há famílias que não encontramos ainda, mas vamos buscar. Ontem à tarde, a gente levou uma equipe muito forte de Bombeiros e Defesa Civil. Mas a notícia é que encontramos muitas famílias abrigadas — destaca o prefeito.
Desde a tarde da última quarta feira (1), 83 pessoas foram retiradas da localidade de Tuiuty. Elas foram atendidas e encaminhadas para a casa de familiares. No roteiro Caminhos de Pedra, 28 pessoas foram removidas e, na localidade de Paulina Baixa, 25 foram retiradas pelos bombeiros.
Entre os desabrigados estão 12 familiares de Sueli Coldebella, 53 anos, que aguarda apreensiva no salão comunitário de Faria Lemos. A agricultora consegue manter contato por telefone com o grupo que está no meio do mato e protegidos por lonas:
— Caíram duas barreiras, um de cada lado, e eles estão lá isolados. Tem o filho da minha sobrinha junto, que tem seis anos. Quando o rio começou a subir, eles se abrigaram no mato e caíram as barreiras. Ainda consigo falar com ela, mas a bateria está acabando. Tem um vizinho com eles que está doente, com câncer, ele não caminha mais. Levaram ele erguido para cima e está lá — relata Sueli.