A nova estrutura que será montada no Hospital Virvi Ramos, em Caxias do Sul, para abrigar a maternidade pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na cidade após o Pompéia ter fechado o setor na cidade, contará com a opção de um espaço para a realização de partos humanizados, no chamado método Leboyer. A metodologia foi criada pelo obstetra francês Frédérik Leboyer e introduzida no Brasil em 1974, pelo obstetra Claudio Basbaum. Nesse parto, também chamado de sem violência, a finalidade é não estressar o bebê, tornando a primeira experiência dele fora do útero menos traumática.
Para o sucesso do parto, é necessário um ambiente tranquilo, com pouca iluminação e uma banheira. Conforme a diretora-executiva do Virvi Ramos, Cleciane Doncatto Simsen, a nova opção de parto não se reduz apenas ao uso da banheira, uma vez que o método é feito com pouca luz para não incomodar o bebê e com silêncio, especialmente depois do nascimento da criança:
— O método é uma abordagem humanizada. A estrutura prevê nos quartos uma iluminação diferenciada e suave com LED e as luzes não tão brilhantes como as normais. A banheira será uma das opções que as gestantes terão na maternidade — destaca.
Cleciane aponta os principais benefícios da metodologia para a mãe e o bebê. O corte do cordão umbilical, por exemplo, é feito somente quando ele para de pulsar, o que facilita a transição da respiração. O recém-nascido recebe massagens nas costas para estimular os pulmões e fica em contato imediato com a mãe. Também haverá um banho terapêutico que pode ser dado pelo pai ou acompanhante, na presença da mãe, sempre respeitando o ritmo da criança na fase de transição.
— Com isso, se busca uma redução do estresse e o fortalecimento do vínculo. Estudos apontam que há contribuições para o desenvolvimento cognitivo e que traz impactos positivos no desenvolvimento emocional da criança e melhora na experiência materna, com a presença do pai, além de estimular a amamentação — afirma ela.
Novidade na saúde pública da cidade
O projeto da nova maternidade do Virvi Ramos foi elaborado por uma empresa de arquitetura especializada na área hospitalar. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), até o momento, a metodologia Leboyer ainda não foi colocada em prática pelo SUS em Caxias do Sul. Também não há dados referentes a esse tipo de atendimento na área da 5ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS).
A coordenadora Tatiane Misturini Fiorio reitera que o SUS preconiza o parto humanizado. Ela explica que há várias técnicas para realização do método fornecidas pela rede pública de saúde e ressalta que não há dados porque a decisão cabe às gestantes, ao médico e à equipe no momento do nascimento do bebê.
— Dentro do parto humanizado, a gente tem o parto na banheira, tem a cadeira, a utilização de uma bola e uma série de métodos que podem ser utilizados em um parto natural — esclarece.
Tatiane também ressalta que a CRS monitora a quantidade de partos porque o SUS prioriza sempre o parto normal. Apesar disso, o número de cesáreas na área de abrangência da coordenadoria é superior ao que preconiza a rede pública de saúde. Para se ter uma ideia, em 2023 foram 9.839 cesarianas, o que equivale a um índice de 71,04%. Outros 4.010 partos foram normais, ou seja, 28,96%. Em 2024, de janeiro até o momento, foram 1.964 cesáreas, o que equivale a 72,45% e 747 partos normais, que são 27.55%.
— A gente sabe que há um percentual necessário devido às intercorrências, como a gestação de alto risco e uma série de situações, mas acredito que o volume de partos normais poderia ser muito maior— finaliza a coordenadora.
Em etapas
Cleciane Simsen ressalta que o momento é de estruturação física do Centro Obstétrico para, depois, os processos serem colocados em prática, avaliando a situação de cada gestante:
— Nos próximos dias, a gente terá o layout de plantas 3D para divulgar como ficará a obra. Já estamos com as cotações de possíveis empresas que vão fazer a execução da obra — explica.
A previsão para o início da construção é para cerca de 15 dias, assim que o hospital receber os recursos do governo do Estado, por meio do programa Avançar.
No total, o nova maternidade terá cerca de 1,2 mil metros quadrados. No centro obstétrico, serão instaladas três salas para o atendimento às gestantes antes, durante e depois do parto. O setor também contará com duas salas para realização de cesáreas, uma sala de recuperação, uma de observação e uma de internação. Já na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal haverá 10 leitos.